Autarca da Feira reuniu com Governo para acertar quatro prioridades do concelho
Porto Canal / Agências
O presidente da Câmara de Santa Maria da Feira analisou esta quarta-feira com dois ministérios a viabilidade de quatro obras prioritárias nesse concelho, entre as quais a criação do túnel rodoviário na entrada da cidade e requalificação do antigo tribunal.
A modernização da Linha Ferroviária do Vouga e a construção do troço local da Linha Ferroviária de Alta Velocidade (LAV) foram as outras intervenções identificadas por Amadeu Albergaria nas reuniões com Pedro Duarte, ministro dos Assuntos Parlamentares, e com Manuel Castro Almeida, ministro-adjunto e da Coesão Territorial.
“A resposta dos dois ministros foi bastante positiva e ficou deles o compromisso de acompanharem de perto estes quatro dossiês, deixando os assuntos bem encaminhados”, revelou à Agência Lusa o autarca do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto.
A preocupação de Amadeu Albergaria em sensibilizar os membros do Governo para a urgência dessas obras prende-se com o facto de todas elas dependerem de intervenção do Estado e envolverem um elevado grau de investimento.
“A prioridade número um é o túnel da Cruz”, realça o autarca social-democrata, em referência à zona que, junto aos acessos das autoestradas A1 e A29, regista graves congestionamentos diários e impede a fluidez de trânsito entre duas áreas urbanas que, embora separadas por apenas alguns metros, não têm ligação direta entre si.
O que Amadeu Albergaria quer para essa zona da EN 223 é um túnel que, à superfície, fique dedicado apenas ao trânsito local e, no subterrâneo, absorva e agilize o tráfego direcionado para outras freguesias do concelho e municípios vizinhos como São João da Madeira e Arouca.
Em 2022 a autarquia assinou um acordo de colaboração para o efeito com a Infraestruturas de Portugal, que já homologou o respetivo estudo prévio, mas entretanto a Câmara está “desde março à espera da aprovação das peças do procedimento para contratação do projeto de execução” – que deverá implicar 580.000 euros, numa empreitada de custo global “estimado em 15 a 20 milhões”.
Quanto ao edifício do antigo tribunal – que se encontra “em avançado estado de degradação” e cujos serviços foram em 2009 transferidos para um prédio de escritórios próximo, adaptado para o efeito e arrendado pelo Estado por mais de 62.000 euros mensais – a Câmara equaciona duas possibilidades: “ou reabilitar e ampliar o imóvel original, ou construir de raiz um novo equipamento, no mesmo local, que é uma área nobre no centro da cidade”.
Para isso, contudo, é preciso que o Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos de Justiça assine com a Câmara um contrato interadministrativo de delegação de competências, o que é “indispensável para que a autarquia possa avançar com o projeto de execução”, seja ele para requalificação do antigo imóvel ou para criação de um edifício novo.
Já as duas outras prioridades de Amadeu Albergaria para o concelho da Feira prendem-se ambas com estruturas ferroviárias. No caso da requalificação urbana da linha do chamado “Vouguinha”, o autarca lembra que a modernização do troço de Oliveira de Azeméis a Espinho vem sendo reclamada “há décadas”, mas continua “em suspenso”, apesar do potencial que essa ligação à Linha do Norte vem demonstrando, ao transportar “cerca de 600.000 passageiros por ano, mesmo com um nível de serviço muito débil”.
Nessa perspetiva, o presidente da Câmara da Feira afirma: “É preciso que o Governo tome uma decisão sobre esta matéria, não só para viabilizar uma ligação eficiente a Espinho, entre o Vouguinha e os comboios rumo a Porto e Lisboa, mas também para se construir um acesso que aproxime a estação da Feira do centro da cidade”.
Relativamente ao troço Lisboa-Vigo da anunciada Linha de Alta Velocidade, por sua vez, o que preocupa Amadeu Albergaria é que a construção dessa via terá fortes impactos no concelho da Feira e neste momento “está a condicionar o planeamento do território, com especial incidência no desenvolvimento económico de zonas industriais como o LusoPark”.
Depois de ter solicitado ao anterior Governo que o traçado inicial fosse deslocado “o mais possível para poente”, a Câmara quer “ver definitivamente fechada a localização da LAV, para poder fazer o devido planeamento da zona envolvente e dar resposta tanto aos investidores estrangeiros que querem instalar-se nessa zona como às famílias que vão ter as suas casas expropriadas para a obra poder avançar”.