Brasília, o primeiro shopping do Porto terá “cara lavada” no verão
Catarina Cunha
É o centro comercial mais antigo da Península Ibérica e, tal como cantava Rui Veloso na “Rapariguinha do Shopping”, o primeiro na cidade do Porto com escadas rolantes. Com o passado recente a ser pautado pela degradação do espaço e a incerteza, o edifício de oito pisos, ladeado pela Avenida da Boavista, Rua de Júlio Dinis e Praça Mouzinho de Albuquerque, entrou em obras de remodelação em janeiro de 2023. Apesar de ter sido já ultrapassada a data inicial de conclusão dos trabalhos, o administrador da superfície, em entrevista ao Porto Canal, mostra-se confiante e aponta junho de 2024 para a “reabertura” do centro comercial que, apesar dos andaimes e tapumes, nunca chegou a fechar.
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Nos corredores do Shopping Center Brasília, no Porto, ainda se ouve o barulho das máquinas pesadas a trabalhar. As obras de reabilitação, que arrancaram em janeiro do ano passado, derraparam no tempo. Os “imprevistos” na execução do projeto num espaço com 48 anos são apontados como a causa para os atrasos.
Das três fases projetadas, que preveem a melhoria da sinalética e da iluminação nas zonas comuns, duas já se encontram concluídas. Neste momento, “falta concluir a entrada da Rotunda da Boavista” e renovar “duas áreas comuns de escritórios”, informa Luís Pinho, administrador do espaço.
A última etapa vai demorar cerca de três meses, ou seja, até ao final de junho. O investimento inicial orçado em 530 mil euros “foi ultrapassado em menos de 10%”, mas a intervenção não se irá estender a todo o Brasília, “porque os proprietários não quiseram fazer as obras”, afirma a administração.
Depois da conclusão das obras no interior poderão existir novidades, desta vez no exterior do edifício. Em declarações ao Porto Canal, a empresa confirma ter a ambição de renovar a fachada do edifício com quase cinco décadas. Para isso, encontra-se neste momento a “recolher orçamentos” e a avaliar a capacidade financeira. “São à volta de 700 mil euros, ainda é um peso grande”, confessa o administrador. Recorde-se que a lateral do Brasília já está a ser alterada, operação que está a ser levada a cabo pela Fidelidade que detém lá escritórios.
Existe uma grande fatia de estabelecimentos comerciais dedicados ao serviços e ao ramo da estética, situação que perturba a maior parte dos comerciantes. “Há outros centros mais apelativos, as lojas âncora não estão aqui. Também se opta pelos serviços, isso é bom para manter as lojas ocupadas, mas é isso que traz pessoas”, reforça Ricardo Gonçalves, ourives no Brasília há 15 anos.
Quanto a isso, Luís Pinho relembra que a administração do shopping “não tem capacidade de gestão sobre as lojas” e, como tal, cada proprietário “pode fazer o que quiser dela, logo que não incumpra com o regulamento do condomínio”. O gestor acrescenta ainda que o fenómeno “não é o ideal”, mas assegura que “não compromete” o funcionamento e rentabilidade da infraestrutura que possui 243 lojas.
Brasília tem “potencial muito grande”
Numa visita ao Shopping Center Brasília, o vereador Ricardo Valente, da Câmara do Porto, com o pelouro das Finanças, Atividades Económicas e Fiscalização e com o pelouro da Economia, Emprego e Empreendedorismo, mostrou-se otimista quanto ao futuro da infraestrutura.
“Os sinais são claros do rejuvenescimento desta área. Sempre dissemos que Brasília tem um potencial muito grande”, afirmou, realçando que as obras de reabilitação vão “dar condições” para que o edifício se possa tornar competitivo e atrair novos públicos. Na opinião do vereador, a aposta “brutal de mobilidade” da autarquia na zona da Boavista também irá contribuir para que o centro comercial cresça e “volte a ganhar vida”.