"Faz soar todos os alarmes". Movimento teme pelo futuro do histórico comboio do Vouga
Porto Canal / Agências
O Movimento Cívico pela Linha do Vouga (MCLV) admitiu este sábado temer pelo futuro do comboio histórico do Vouga após tomar conhecimento de que a composição não circulará na época de Páscoa, depois de ter sido criado há sete anos.
"Se no presente ano a não realização da temporada de Carnaval já foi motivo de preocupação, a não realização da temporada de Páscoa faz soar todos os alarmes", referiu o MCLV em comunicado enviado à agência Lusa.
O movimento disse estar convicto "de que se nada for feito em contrário, o projeto Comboio Histórico do Vouga corre sérios riscos de ter os dias contados".
Segundo o movimento, a CP - Comboios de Portugal confirmou "que não irá haver temporada de Páscoa, argumentando falta de condições".
A Lusa enviou questões à CP acerca do comboio histórico do Vouga e aguarda resposta.
De acordo com o MCLV, "nos últimos meses de 2023, foi detetada uma grave avaria na caldeira da locomotiva a vapor CP E214, tornando-a inoperacional, e sabe o MCLV que só com grande resiliência por parte do pessoal da manutenção da CP é que foi possível a realização da última temporada de Natal do Comboio Histórico, desta vez com recurso à locomotiva a diesel".
O movimento referiu que "a CP está a ter problemas em reunir as condições necessárias para avançar com a reparação da caldeira da locomotiva a vapor", já que "os custos dessa reparação são extremamente avultados, e, segundo consta, está a ser difícil encontrar uma resposta junto da indústria nacional".
"A solução poderá mesmo passar pela aquisição de uma nova caldeira no estrangeiro. No entanto, esse processo será moroso", podendo também a CP recuperar "uma outra locomotiva, tendo em vista a sua readaptação para a queima de gasóleo, à semelhança do que já acontece com a locomotiva CP 0186 e que é utilizada no Comboio Histórico do Douro".
O comboio histórico do Vouga começou a circular em 2017 com recurso à locomotiva diesel Alsthom CP9004 e três carruagens dos primeiros anos do século XX, tendo sido adicionadas, entretanto, mais carruagens, como as napolitanas dos anos 30, que estavam na Linha do Tua.
"Nos finais de 2019, a recuperação da locomotiva a vapor Henschel & Sohn CP E214 foi a cereja no topo do bolo", recordou o movimento, que referiu que mais material recuperado está em Contumil (Porto) à espera de ser colocado na Linha do Vouga, algo que ainda não aconteceu por falta de espaço de armazenamento em Sernada do Vouga, apontou.
O movimento cívico reconheceu "o empenho, a bravura e até a paixão que o Município de Águeda e a equipa de Manutenção/Comboios Históricos da CP - Comboios de Portugal têm demonstrado ao longo dos tempos para manter este projeto sobre carris, mas neste momento está claro que isso já não é suficiente".
Para o MCLV, "há que trazer mais entidades para este projeto, sejam elas empresariais ou da sociedade civil, envolvendo todas as autarquias servidas pela linha".
"Será bastante embaraçoso para a região de Aveiro não apresentar um dos seus maiores produtos turísticos num ano em que a sua capital de distrito é também a capital portuguesa da Cultura", considerou o movimento.
Assim, o MCLV apelou aos municípios de Espinho, Santa Maria da Feira, São João da Madeira, Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha, Águeda e Aveiro para que "salvem o comboio histórico do Vouga".