Milhares de votos desperdiçados devido à falta de representação pelos partidos políticos
Porto Canal
De acordo com as análises do investigador Luís Humberto Teixeira, aproximadamente 760.890 votos, correspondendo a cerca de 12% do total, não se traduziram em mandatos, considerando os eleitores cujos partidos escolhidos não conseguiram representação em seus círculos eleitorais, incluindo os resultados da emigração.
"Depois de apurados os círculos da emigração, os votos não convertidos em mandatos são 760.890 (12,28% do total de votos válidos)", revela o autor do projeto omeuvoto.com e mestre em Política Comparada pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, citado pelo Jornal de Notícias.
Segundo o investigador, entre os partidos que elegeram deputados, três deles foram beneficiados pelo sistema eleitoral em vigor nestas eleições. O Chega foi o que desperdiçou o menor número de votos (13.216), seguido pelo PS (14.410) e pela AD (47.482).
Todos outros partidos foram claramente prejudicados. O PAN teve 93.256 votos não convertidos (73,96%) - quase um em cada quatro votos recebidos -, o BE teve 134.806 votos ignorados (47,75%), enquanto a CDU registrou 90.995 votos não convertidos (44,29%). O Livre desperdiçou 73.703 votos (36,01%) e a IL 86.246 votos (26,98%), conforme detalhado ao jornal.
Dos partidos que não conseguiram assento no Parlamento, o destaque vai para o ADN, que converteu nenhum mandato os seus 102.132 votos. Teria obtido representação se houvesse um círculo de compensação, conforme revelado pelo primeiro estudo realizado pelo mesmo autor antes da votação em 10 de março, excluindo os círculos da Europa e de fora deste continente. Os dados serão atualizados novamente quando a CNE publicar os resultados finais.
De acordo com o jornal, após a divulgação dos resultados provisórios em 10 de março, o estudo indicou que mais de 673 mil votos foram desperdiçados, representando eleitores que não conseguiram ter representação do partido em que votaram em seus círculos eleitorais.