AD "só nos fazem temer o pior", afirma Pedro Nuno Santos
Porto Canal/Agências
O secretário-geral socialista afirmou esta quinta-feira que, cada dia de campanha que passa, cada novo rosto que apresenta, a AD faz temer o pior, uma alusão à presença de Cavaco Silva ao lado de Luís Montenegro na sexta-feira.
Pedro Nuno Santos falava no encerramento de um comício do PS que encheu o Centro de Congressos de Aveiro, círculo pelo qual é cabeça de lista, após uma intervenção do antigo ministro e comissário europeu António Vitorino.
No seu discurso, o líder do PS pegou na referência que António Vitorino fez à circunstância de o próximo primeiro-ministro ser muito provavelmente do distrito de Aveiro. Mas Pedro Nuno Santos, natural de São João da Madeira, aproveitou logo essa referência para realçar uma diferença em relação ao presidente do PSD, Luís Montenegro, natural de Espinho e cabeça de lista da AD por Lisboa.
“Dos dois, só um é candidato por Aveiro e não trocou a sua terra por Lisboa – e é esse que vai ganhar. Somos um partido de pessoas que têm orgulho nas suas origens. Cada um deve ter orgulho na terra de que é e da terra de onde vem”, assinalou o secretário-geral do PS, recebendo muitas palmas.
A seguir, fez um apelo ao voto no PS nas eleições legislativas de domingo, assumindo uma perspetiva de autocrítica em relação aos últimos oito anos de governos socialistas, mas, em simultâneo, também advertindo para quem está ativamente ao lado da candidatura da Aliança Democrática (AD), designadamente o antigo Presidente da República Cavaco Silva – personalidade que é sempre assobiada nos comícios do PS.
“Sabemos que estes anos foram difíceis, mas o PS lidou com as crises de forma diferente do que faria o PSD. Temos consciência que há muitos portugueses insatisfeitos, que sentem que a sua vida não ata nem desata”, começou por dizer.
A seguir deixou um aviso: “Mas a solução não está na AD, no PSD, nem nos seus parceiros envergonhados. Cada dia que passa, cada rosto que nos apresentam, cada discurso que fazem só nos fazem temer o pior. É o regressos ao antigamente”, sustentou.
No seu discurso, o secretário-geral do PS tentou colocar em contraponto a lógica liberal com o sentido de comunidade, que disse ser inerente aos socialistas.
“Queremos que todas as gerações trabalhem e avancem em conjunto. Confiem no PS, confiem em mim para continuarmos a avançar em conjunto”, apelou.
Na reta final desta campanha, Pedro Nuno Santos considerou essencial “falar diretamente a quem ainda não decidiu” o seu sentido de voto no domingo.
“Construímos estabilidade orçamental e financeira. Agora, a escolha é que o fazer com essa estabilidade. A nossa escolha é aumentar salários e pensões, reforçar o Estado social. Não é essa a escolha da AD. A escolha da AD são as grandes empresas, os de cima, uma minoria”, contrapôs.
Para AD e para a Iniciativa Liberal, segundo Pedro Nuno Santos, “os salários são um empecilho, mas para o PS representam um estímulo à economia e não é tema que apareça só na campanha eleitoral".
“Sabemos que salários podem crescer e temos de exigir que em Portugal se pague melhor”, prometeu, antes de pedir que “nenhum pensionista fique em casa no domingo”.
“Nas pensões, ao contrário da AD, não temos de nos reconciliarmos com os mais velhos, não os enganámos. Temos uma relação de confiança. Um país decente é o que respeita os mais velhos. Sabemos o que eles fizeram [no Governo de Passos Coelho] – e fizeram-no com convicção, indo além da troika. Fizeram cortes e ainda queriam mais cortes”, acusou.
Tal como tinha feito no almoço comício desta quinta-feira, em Marco de Canaveses, defendeu que o discurso do PS sobre as mulheres, ao contrário da AD, “não é colado, dito através de umas notas escritas por um assessor”.
“Queremos que as mulheres tenham mais direitos para progredirem e para se emanciparem. É isto em concreto que também votamos” no domingo, advogou.
Na sua intervenção, prestou homenagem ao já falecido secretário de Estado da Administração Fiscal e professor universitário Fernando Rocha Andrade, e agradeceu as presenças no comício de Aveiro do antigo ministro António Vitorino e da presidente da Associação Portuguesa de Reformados (APRE), Maria do Rosário Gama.