Paulo Raimundo diz que problemas da função pública não serão resolvidos por PS nem Direita
Porto Canal
O secretário-geral do PCP denunciou esta terça-feira, em Palmela, a "falta de reconhecimento" dos trabalhadores da administração pública e considerou que a solução para os problemas destes profissionais não passa pelo PS ou pela direita
Num almoço-comício com trabalhadores da câmara municipal local, Paulo Raimundo enfatizou que estas pessoas sentem, "tal e qual como todos os outros trabalhadores, os efeitos das opções da maioria de dois anos do Partido Socialista", enumerando o custo de vida, dos alimentos, da habitação ou dos salários, mas apontando, sobretudo, para a falta de valorização pelo Estado.
"Os trabalhadores da administração pública sentem de forma particular aquilo que é a desvalorização das carreiras e a falta de reconhecimento. Sentem a injustiça de ver agora quem entra ter um salário de entrada igual àqueles que já estão aqui há 10, 15 ou 20 anos. O problema não está naqueles que entram agora, porque os salários deles também são baixos; o problema é a falta de reconhecimento e de valorização das carreiras de quem está há 10, 15 ou 20 anos", sintetizou.
De acordo com o líder da Coligação Democrática Unitária (CDU, que junta PCP e PEV), as questões das carreiras e dos salários "é mesmo para resolver de uma vez por todas", apelando às quase 200 pessoas presentes nesta ação de campanha para as eleições legislativas de 10 de março a darem "mais força" à CDU.
"Nada disto tem resolução dando mais força no PS. Aí estão dois anos de maioria absoluta a demonstrar por si mesmo aquilo que não vale a pena estar a explicar. Mas também não vai lá com o PSD, o CDS, o Chega ou a IL, de quem os trabalhadores não esquecem esses tempos da troika, do corte dos salários e dos direitos, e da imposição das 40 horas de trabalho", referiu.
Invocou o "trabalho" e "a força" dos comunistas para afastar em 2015 o PSD e o CDS do Governo e salientou ainda que a valorização dos trabalhadores "é um eixo fundamental" para o partido, mas também "um elemento determinante sem o qual o país não se desenvolve".
Paulo Raimundo visou também os grandes grupos económicos - sobre os quais reclamou uma tributação mais efetiva, o fim dos benefícios fiscais ou o encerramento das parcerias público-privadas -, lamentando que esteja "tudo ao contrário" em Portugal, com "uma minoria de privilegiados e uma maioria de apertados".
"Para mudar só há uma forma: dar mais força, mais votos e mais deputados à CDU", declarou, prosseguindo: "É o voto de protesto e das soluções que se impõem nos salários, nas pensões e na precariedade".