Metrobus no Porto cumpre prazos, mas operação vai arrancar sem os novos veículos
João Nogueira
A empreitada do metrobus entre a Casa da Música e a Praça do Império está a cumprir os prazos previstos e a operação deve arrancar a tempo do verão, mas sem os novos veículos BRT. A solução passará pelo recurso aos autocarros da STCP que vão garantir o serviço até à chegada das novas viaturas, previstas para o final do ano.
“Nós vamos receber os veículos mais para o final do ano. Vamos arranjar uma alternativa para operar o canal”, explica o presidente do Conselho de Administração da Metro do Porto, Tiago Braga, na visita da empresa ao modelo de transporte em Nantes, França.
Considerando que o troço do metrobus se vai localizar no eixo central, a entrada dos veículos será feita pela via mais à esquerda. Apesar de ser uma questão temporária, o arranque da operação não está comprometido.
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“Nós conseguimos operar dentro do canal fazendo o cruzamento antes das estações”, esclarece Tiago Braga, acrescentando que se vai adotar uma faixa bidirecional que permita esta solução. Ou seja, os veículos vão mudar de via antes e depois das estações, parando cerca de 20 segundos em cada ponto.
No total serão 10 autocarros BRT que ainda devem chegar a tempo da conclusão do segundo troço do metrobus entre a Casa da Música e a Anémona, em Matosinhos.
Aposta vanguardista na produção de hidrogénio
Os autocarros deverão ter dois módulos, 18 metros de comprimento e movidos a hidrogénio.
Em algumas cidades onde também existe metrobus, o hidrogénio foi abandonado devido aos custos avultados que acarreta. Mas no Porto o sistema foi preparado para o metrobus estar “completamente independente do mercado”.
“O sistema foi montado de forma a não comprar hidrogénio. Nós vamos desenvolver um sistema em que nós próprios vamos produzir hidrogénio”, explica o presidente da Metro do Porto.
“Fizemos uma aposta clara”, frisa Tiago Braga, referindo-se aos eletrolisadores que vão gerar hidrogénio, e lembrando que este é o primeiro modelo “360 graus” em que está incluída a produção do hidrogénio que permite a operação.
A produção vai acontecer nas instalações da STCP de Francos, da Areosa e da Via Norte, através da energia fotovoltaica. “Portanto, painéis fotovoltaicos, uma comunidade de energia que vai abastecer os eletrolisadores e que vão produzir o hidrogénio”, explica Tiago Braga.
O hidrogénio, por sua vez, será armazenado e fornecido através de uma “unidade de dispensers, numa primeira fase a 350 mW e numa segunda fase, escalável para os veículos ligeiros também”.
A aposta nos eletrolisadores pode parecer arrojada, considerando o preço, mas Tiago Braga salienta a importância do papel desempenhado pelas entidades públicas neste processo.
O Porto Canal viajou a convite da Metro do Porto