Atraso do relógio da Torre dos Clérigos passou despercebido aos portuenses?
Porto Canal
Um turista danificou o veio do relógio da Torre dos Clérigos e, desde segunda-feira, um dos monumentos mais emblemáticos da cidade está "atrasado" em 40 minutos. Na manhã desta quarta-feira, o relógio começou a ser intervencionado, uma situação que passou despercebida à grande maioria dos portuenses e turistas que passaram pela zona. Num mundo cada vez mais tecnológico e digital, já desaprendemos a ver as horas nos relógios de ponteiro?
Ver esta publicação no Instagram
O relógio teve uma “pequena avaria” por causa de um dano provocado por um turista que mexeu "num dos veios mecânicos”, situação que provocou “um atraso de cerca de 40 minutos” no equipamento, explicou António Tavares. O diretor executivo da Irmandade dos Clérigos revelou ainda que “não é a primeira vez que isto acontece”.
Diana Lourenço confessa que ainda não tinha reparado no atraso do relógio da Torre dos Clérigos. “Para as pessoas que vivem aqui à volta deve existir alguma confusão quando olham para o relógio, mas não acredito que tenha um impacto muito grande na vida das pessoas”, conta a guia turística. “A Torre dos Clérigos nunca perde o encanto. Quando tocam os sinos, seja à hora que for, as pessoas param, ficam a olhar e ficam encantadas”.
“Já tinha visto ontem nas notícias e agora voltei a reparar”, revela Beatriz Peixoto, estudante universitária. A jovem afirma que a situação é na verdade mais engraçada do que constrangedora. “A maioria das pessoas tem outras alternativas para ver as horas e é sempre uma história engraçada para falar no café”, conta entre risos.
Próximo ao monumento, Francisca Freire tem o seu "tuk tuk" estacionado e revela que vê sempre as horas por aquele que é um dos relógios mais icónicos da cidade. “Eu não fazia a mínima ideia que estava atrasado. Se agora tivesse uma tour e visse as horas, ia achar que os turistas estavam a chegar antes da hora de marcação”.
Já Armindo Morais, com 80 anos de idade e portuense de gema, confessa-nos que, apesar de passar pela Torre dos Clérigos diariamente, raras foram as vezes em que olhou para cima para ver as horas. “Ainda não tinha reparado. Neste momento são 11 da manhã e o relógio marca 9h45. Está ali só a enganar”, suspira.
A reparação está agor a cargo da Irmandade dos Clérigos, após não ter sido possível identificar o responsável pelo dano. A Irmandade dos Clérigos é uma instituição solidária, responsável pela gestão do conjunto arquitetónico dos Clérigos (Igreja e a Torre), classificado Monumento Nacional desde 1910 e considerado ex-líbris do Porto.
A Igreja e a Torre, desenhadas pelo arquiteto Nicolau Nasoni, são a casa da irmandade desde 28 de março de 1748.