Matosinhos responde a Moreira. Trânsito só muda com adoção do transporte público
Porto Canal / Agências
A Câmara de Matosinhos defendeu esta segunda-feira que a mudança estrutural no cenário de trânsito na região só virá com a adoção do transporte público, após Rui Moreira ter responsabilizado o município pelo tráfego na Via de Cintura Interna (VCI).
"A mudança estrutural que é necessária é a adoção do transporte público, e a este propósito relembra-se quão difícil foi trazer a BRT ['metrobus'] da Boavista até Matosinhos Sul, precisamente invocando os argumentos das deslocações pendulares", pode ler-se numa resposta de fonte oficial da Câmara de Matosinhos à Lusa, em reação a declarações do presidente da Câmara do Porto e a uma moção do seu movimento.
Hoje, Rui Moreira exigiu a aplicação das medidas para retirar pesados de mercadorias da VCI, acordadas por um grupo de trabalho em 2020, responsabilizando o Governo e Matosinhos pela não implementação.
O movimento Aqui Há Porto!, que apoia o autarca independente, acusou a presidente da Câmara de Matosinhos, Luísa Salgueiro (PS), de "com a proximidade das eleições" autárquicas de 2021 voltar "atrás na decisão" e reverter "a anuência dada à alteração dos pórticos de portagens nas autoestradas identificadas, cujo resultado é a manutenção do estado da VCI".
De acordo com fonte oficial da Câmara de Matosinhos, o município concorda com o chamado cenário G do grupo de trabalho, que consiste na redução tarifária no último pórtico sul da A28, na introdução de um novo pórtico na A28, a sul da interseção com a A41, na eliminação dos dois pórticos existentes no tramo poente da A4 e na introdução de um novo pórtico entre a A4 (nascente) e a A3 (tramo sul).
"No entanto, entende que uma remoção integral das portagens na CREP [Circular Regional Externa do Porto, também denominada A41] a par com a reformulação do nó da A41 com a A28, por forma a encaminhar o tráfego proveniente de Norte diretamente para a A41, seria o cenário mais eficiente e aquele que efetivamente permitiria retirar o tráfego de atravessamento da VCI", refere.
A Câmara de Matosinhos recusou hoje, no entanto, pronunciar-se publicamente "sobre decisões políticas que incidem sobre vias que não lhe competem territorialmente", mas reconheceu que "o trânsito de atravessamento na malha urbana através da A28, VCI e A1 constitui um problema ambiental que impacta na vida dos cidadãos que residem e trabalham nas imediações destas vias".
"O problema não tem origem apenas nos pesados, que estão a desempenhar uma missão imprescindível de abastecimento de matérias-primas às empresas da região, mas também numa má gestão do trânsito rodoviário nas infraestruturas existentes na região", refere fonte oficial da autarquia matosinhense.
O que Matosinhos defende é "a eliminação das portagens nas ex-SCUT, uma vez que considera que de nada adiantará aumentar os custos para os utilizadores mantendo as portagens nas vias alternativas, sobretudo num contexto em que os combustíveis estão a preços elevados e as distâncias a percorrer são maiores", aponta a autarquia.
Na A28, Matosinhos defende a reformulação do nó com a A41, junto ao aeroporto, por forma a encaminhar o tráfego proveniente de Norte diretamente para a A41, e refere que a Infraestruturas de Portugal [IP] "ficou, há quatro anos, de estudar a introdução de um canal de transporte público como justificação para não aumentar de duas para três faixas de rodagem em cada sentido" no eixo Seara - Rotunda AEP, "mas até agora a única informação de que dispomos é que é incompatível a circulação de qualquer outro meio de transporte que não o rodoviário numa autoestrada".
Matosinhos está "há vários anos a tentar ver aprovadas inúmeras saídas da A28 para descongestionar a rotunda AEP, sucessivamente chumbadas pela IP e Instituto de Mobilidade e Transportes, tendo sido aprovado apenas o viaduto sobre a A28", construído pela autarquia, e "que irá ligar a zona do Estádio do Mar à Senhora da Hora, descongestionando o trânsito da rotunda AEP, e que deverá ser inaugurado em março".