Do constante ‘vaivém’ à morada definitiva. “O Porto” ganha nova casa e é devolvido ao coração da cidade

Do constante ‘vaivém’ à morada definitiva. “O Porto” ganha nova casa e é devolvido ao coração da cidade
Foto: Guilherme Costa Oliveira | CM Porto
| Porto
Fábio Lopes

A estátua “O Porto” foi, esta quarta-feira, reinstalada na zona frontal da recentemente reaberta Antiga Casa da Câmara, no Terreiro da Sé, respeitando assim a localização proposta pelo arquiteto Fernando Távora.

Considerada um símbolo do poder municipal, a estátua bicentenária reflete a imagem e o espírito da Invicta, homenageando a cidade e os seus habitantes. Após sucessivas transladações tem agora morada definitiva.

 
 
 
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“É hora de celebrar o regresso da estátua “O Porto” a um local que dignifica inteiramente este monumento. Queremos promover o reencontro do Porto com uma das suas estátuas mais emblemáticas, tornando-a um centro nevrálgico da atividade cultural da cidade”, frisa Rui Moreira ao JN.

Um sentimento partilhado por Jorge Sobrado, diretor do Museu e Bibliotecas do Porto, que se regozija com a reinstalação concretizada. “O regresso da mais antiga estátua do Porto à Antiga Casa da Câmara marca a restituição deste símbolo maior à sua cidade, pondo termo a uma errância, e devolve a integridade ao projeto do Arquiteto Fernando Távora. É uma notícia duplamente feliz para o Museu do Porto e, sobretudo, para a cidade”, reforça.

A viagem do robusto guerreiro de granito pela Invicta

A Câmara do Porto adquire, em 1816, o Palacete dos Monteiro Moreira para aí instalar os Paços do Concelho, tendo em conta o estado de ruína da primitiva Torre do Senado Municipal, no morro da Sé. O edifício recebeu diversas obras, sendo encimado pela estátua de um guerreiro intitulada “O Porto”.

Idealizada pelo escultor João de Sousa Alão e arrancada ao granito portuense pela mão do mestre pedreiro João da Silva, a esbelta construção surgiu em 1818, com o objetivo de rematar o antigo edifício dos paços do concelho.

Quando o edifício foi demolido, "O Porto" foi descido da fachada e deambulou por vários locais da cidade, “perdendo relevância na memória coletiva da cidade”, salienta Rui Moreira.
Depois da demolição dos Paços do Concelho, em 1916, para dar lugar à abertura da Avenida dos Aliados, “O Porto” foi condenado a um permanente vaivém, ora afastando-se, ora reaproximando-se da Domus Municipalis, repousando em diversos pontos da cidade, incluindo o Paço Episcopal, os jardins do Palácio de Cristal, a Muralha Fernandina ou a Antiga Casa da Câmara.

Pretensão de Rui Rio marcou processo

Desde 2013 que estava instalada na Praça da Liberdade”, tendo sido colocada em frente à fachada do edifício do Banco de Portugal, com vista privilegiada para a Avenida dos Aliados, por decisão do então presidente da Câmara, Rui Rio.

O autarca assumiu à altura que nunca chegou a falar com o arquiteto, falecido em 2005, sobre a relocalização da estátua, mas que decidira há muito fazê-la regressar à Praça da Liberdade.

“Pessoalmente, entendo que não estava lá bem. Não tenho de concordar com tudo o que os arquitetos fazem”, defendeu.

Já em 2023, o Museu do Porto devolve o guerreiro de granito ao local preconizado por Távora na Antiga Casa da Câmara (popularmente conhecida por Casa dos 24), “considerando apenas um ligeiro afastamento em relação ao exato ponto original, para permitir uma melhor leitura e, simultaneamente, uma maior visibilidade a partir do Terreiro da Sé”, realça a autarquia.

“O Porto” representa o guardião da mui nobre e sempre leal cidade Invicta, um guerreiro trajado à romana, sobrepujado por um dragão e empunhando uma lança e a inscrição de Portus Cale. O guerreiro está envolto numa capa traçada e usa um saiote, acima dos joelhos.

A iniciativa de relocalização d’O Porto integra a programação do centenário do nascimento de Fernando Távora e da reabertura à cidade da Antiga Casa da Câmara, agora incluída no projeto cultural do Museu do Porto.

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