Em 2024, os Reis continuam a trazer tabaco e vinho às crianças de Vale de Salgueiro

Em 2024, os Reis continuam a trazer tabaco e vinho às crianças de Vale de Salgueiro
Diário de Trás-os-Montes
| Norte
Porto Canal

É uma freguesia de Mirandela onde residem 344 pessoas, conta com pouco mais de 15 quilómetros quadrados e todos os anos é notícia - cá dentro e não só - pela sua tradição de reis que inclui música, bailes, vinho e tabaco…para os mais novos.

“Há uma cidade em Portugal que todos os anos é notícia por uma tradição natalícia peculiar e criticada”, escreve o ‘El Mundo’, onde as crianças esperam pelo dia 5 de janeiro para “descer às ruas para comprar cigarros ou recebê-los das mãos dos próprios pais”.

Alheios às críticas que chegam do exterior, os “da terra” lembram que esta é uma tradição que existe há já muitos anos e que representa um ritual de passagem para a fase adulta que não se fica apenas pelo tabaco, já que na madrugada de dia 6 as crianças têm também oportunidade de beber vinho.

“Um vizinho de 101 anos diz que isto já existia na altura dos pais”, contou o autarca Carlos Cadavez em 2019, numa entrevista à AFP, realçando que a população tem consciência dos malefícios do tabaco mas que, tal como no Carnaval, esta é uma altura do ano em que existe uma espécie de “suspensão das regras”.

Mas nem só de cigarros e vinho se fazem os Reis em Vale de Salgueiro. Descrita pelos seus habitantes como uma viagem no tempo, esta é uma festa que recupera alguns dos cultos pagãos do nordeste transmontano, uma região rica na mistura da religião com as superstições milenares.

Todos os anos é escolhida em Vale de Salgueiro uma pessoa, natural da localidade ou que dela seja descendente, para ser coroada como “rei”, ficando com a responsabilidade de organizar a festa a ter lugar no ano seguinte. Esta é uma cerimónia que apesar de pouco ortodoxa ocorre na igreja local e na presença do pároco, naquela que é vista como uma peculiar aceitação desta vontade popular pagã por parte da Igreja Católica.

Durante esse ritual, o rei “deposto” retira a coroa da sua própria cabeça e coloca-a na do novo rei, coroa essa habitualmente revestida a veludo e decorada com objetos de ouro dos habitantes da aldeia, um símbolo do poder e riqueza do monarca e da própria população.

E em noite de festa a dança é feita não apenas ao som da tradicional “Murinheira”. A gaita de foles e os bombos, inspirações da cultura celta, ocupam um lugar de destaque e são a prova de que em Dia de Reis todas as regras estão suspensas em Vale de Salgueiro.

 
 
 
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