Sefin afirma que o caso BES é uma "machadada enorme" dada ao mercado de capitais

Sefin afirma que o caso BES é uma "machadada enorme" dada ao mercado de capitais
| Economia
Porto Canal

O presidente da Associação Portuguesa dos Utilizadores e Consumidores de Serviços de Produtos Financeiros disse hoje que o caso BES é uma "machadada enorme" dada ao mercado de capitais e à confiança dos investidores na informação e no funcionamento do mercado.

"Se uma instituição financeira como um banco, num setor regulado, chega a este ponto, o que haveremos de pensar em relação a todas as empresas que estão cotadas", disse à Lusa Luís Natal Marques, presidente da Associação Portuguesa dos Utilizadores e Consumidores de Serviços e produtos Financeiros - Sefin.

Luís Natal Marques questiona também as opiniões dos auditores independentes acerca das contas do BES e de outras empresas e lembra que a própria comunidade europeia está a estudar a possibilidade de criar um regulador para estes auditores, uma medida que considera positiva.

"Todo o mercado se baseia em opiniões que os auditores independentes [como revisores oficiais de contas, ROC] dão e depois, no fim de contas, somos confrontados com informações que não se baseiam na realidade", referiu, a propósito do caso BES.

A Sefin critica ainda o Banco de Portugal por ser "sistematicamente apanhado" de surpresa: "Mas como é que pode ser apanhado de surpresa quando acabámos de sair do caso BPN? Pensávamos que o regulador se tinha prevenido... mas, no fim de contas, entre os casos DEB e BPN não parece ter havido evolução".

Luis Natal Marques acusa o Banco de Portugal de ter agido de "forma pouco cautelosa" neste caso e defende que "ninguém percebe" que depois detetados os problemas do BES tenha sido permitido "à raposa continuar dentro do galinheiro", referindo-se a Ricardo Salgado.

O BES, tal como era conhecido, acabou este fim-de-semana depois do Banco de Portugal ter anunciado a sua separação num 'banco mau', que fica com os ativos tóxicos, e num 'banco bom', denominado Novo Banco, que fica com os ativos bons como depósitos e créditos bom, e recebe uma capitalização de 4.900 milhões de euros.

Após o anúncio desta solução, o Governo, através do Ministério das Finanças, afirmou que os contribuintes não terão de suportar os custos relacionados com o financiamento do BES e a Comissão Europeia anunciou que aprova a solução, que está em linha com as regras de ajuda da União Europeia.

O Novo Banco será liderado por Vítor Bento, que substituiu o líder histórico Ricardo Salgado à frente do BES e a quem coube dar a conhecer prejuízos históricos de quase 3,6 mil milhões de euros no primeiro semestre.

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