Costa Silva nega contacto com Lacerda Machado e afasta demissão
Porto Canal/Agências
O ministro da Economia e do Mar negou esta segunda-feira ter feito algum contacto com o consultor Lacerda Machado e afastou a possibilidade de se demitir, lamentando ainda o impacto que o caso teve para o primeiro-ministro.
“Estou há 20 meses no Governo e nunca tive qualquer contacto com o dr. Lacerda Machado”, afirmou António Costa Silva, que falava aos jornalistas, em Lisboa, à margem da cimeira tecnológica Web Summit.
O advogado Magalhães e Silva disse, no domingo, que o Ministério Público reconheceu o lapso na transcrição de uma escuta a Diogo Lacerda Machado, onde é referido o ministro da Economia, António Costa Silva, mas transcrito apenas António Costa, o primeiro-ministro.
“Foi o dr. Lacerda Machado que deu sinal ao Ministério Público que havia efetivamente esse lapso e o Ministério Público reconheceu”, disse o advogado aos jornalistas à entrada para o tribunal, no Campus de Justiça, em Lisboa.
Em causa está a escuta a uma chamada telefónica entre o ex-administrador da Start Campus Afonso Salema e Diogo Lacerda Machado, consultor da empresa, em que o primeiro pede ao segundo que aborde o Governo para que interceda numa alteração em matéria de códigos de atividade económica para os centros de dados.
“Resumindo, claramente, o que aconteceu é: nada. É um erro factual que aconteceu. Todos nós somos imperfeitos. Tenho 70 anos de vida e uma carreira que fala por si”, vincou Costa Silva.
O governante mostrou-se ainda de consciência “absolutamente tranquila” de tudo o que fez enquanto ministro da Economia e do Mar.
Apesar de sublinhar que Portugal é um “Estado de direito e que ninguém está acima da lei”, Costa Silva mostrou-se “muito triste” quanto ao envolvimento do nome do primeiro-ministro neste caso.
“De tudo o que conheço, é uma pessoa de idoneidade absoluta. Tem mais de 30 anos de serviço à causa pública e nunca esteve minimamente envolvido em que quer que seja”, assegurou.
O titular da pasta da Economia espera agora que a investigação seja célere e lembrou que todos têm direito à presunção de inocência.
“Não podemos aceitar um sistema que julga as pessoas na praça pública”, notou.
Já quanto à demissão do ministro das Infraestruturas, João Galamba, o ministro disse apenas que "toda a gente tem direito a escolher o seu futuro".
O primeiro-ministro demitiu-se, na terça-feira, depois de saber que o seu nome tinha sido citado por envolvidos na investigação do Ministério Público a negócios do lítio, hidrogénio e centro de dados de Sines, levando o Presidente da República a dissolver a Assembleia da República e convocar eleições legislativas para 10 de março.