Apesar da debandada, Câmara do Porto mantém presença no Web Summit Lisboa
Porto Canal
O Porto voltará a estar representado no Web Summit Lisboa em 2023. Já depois do anúncio da saída de tecnológicas como a Google, Meta e Amazon, na sequência de declarações de Paddy Cosgrave a propósito do conflito entre Israel e o Hamas, que conduziram à demissão do antigo CEO do evento, a Câmara do Porto confirmou que a representação do município não está em causa. Consigo, levará entidades e empresas associadas, que beneficiarão da concessão de um apoio municipal. Ao todo, está previsto um investimento de cerca de meio milhão de euros.
A decisão já está tomada: o Porto mantém a representação no Web Summit Lisboa em 2023, apesar da debandada de empresas tecnológicas como a Google, Meta e Amazon.
“Israel deve cumprir a lei internacional e não cometer crimes de guerra” - foi esta a frase do antigo CEO do Web Summit que forçou Cosgrave à demissão do cargo, depois de gigantes tecnológicos terem anunciado a ruptura com o evento. Mas o pedido de desculpas e mesmo a demissão não foram suficientes. Já depois da saída de cena de Cosgrave, a AWS (uma subsidiária da Amazon para o negócio da web) desassociou-se do evento.
Desde o início do reacender do conflito, a Câmara do Porto tem expressado publicamente solidariedade com Israel e o seu povo. A 11 de outubro, a fachada da sede do município iluminou-se com as cores daquele país, numa ação que contou com a forte presença da comunidade israelita no Porto e de membros do executivo municipal.
Mas nem por isso a participação no Web Summit esteve em causa. A Câmara reforça a participação dos últimos anos, numa iniciativa que junta os pelouros da Economia, Emprego e Empreendedorismo, a cargo de Ricardo Valente, e do Pelouro do Turismo e Internacionalização, sob a tutela de Catarina Santos Cunha.
À semelhança do que ocorreu em edições anteriores, o Porto far-se-á representar no evento com um conjunto de empresas e entidades que se associam ao município. Ao todo, são 23, escolhidas através de concurso, cujo resultado será sujeito a votação na reunião de câmara da próxima segunda-feira.
Na fundamentação da proposta do Programa Municipal de Participação Web Summit 2023, a câmara defende que o evento é “a maior conferência europeia de tecnologia, inovação e networking” e “um palco de excelência para apresentar boas práticas e modelos inovadores que possam contribuir para a sustentabilidade da Cidade do Porto nas áreas da Economia e Turismo.”
Assim, a participação visa “consolidar o posicionamento do Porto como um destino de qualidade a nível global para empreender, investir, trabalhar, estudar e visitar”, defende a autarquia, bem como “fomentar a partilha das melhores práticas e de ações inovadoras projetadas pelos stakeholders dos setores da Economia e do Turismo.”
O Web Summit está agendo para 13 a 16 de novembro, em Lisboa. Já em maio deste ano, o evento marcou presença no Rio de Janeiro, para onde está novamente agendado em 2024.
Investimento na participação ronda meio milhão
Ao todo, a Câmara do Porto prevê investir na representação do município, bem como das empresas associadas, no Web Summit cerca meio milhão de euros (valor inclui IVA). Em causa estão serviços de organização de eventos (neste caso, o valor de aproximadamente 260 mil euros corresponde à participação nas duas próximas edições), o arrendamento do espaço (para o qual a autarquia obteve um desconto de 12,5%), serviços de design e deslocação.
Executivo municipal insta Israel a respeitar o direito internacional
Na reunião de câmara de 23 de outubro, o executivo municipal aprovou um voto, apresentado pelo movimento independente de Rui Moreira, que insta Israel a respeitar o direito internacional.
Após condenar o ataque do Hamas de 7 de outubro, que considerou “manifestamente hostil aos princípios pelos quais a cidade do Porto historicamente lutou e que estão no seu ADN, como a liberdade, a dignidade humana, a tolerância e a solidariedade”, bem como prestar “a sua solidariedade para com o estado de Israel e o seu povo”, os vereadores presentes na sessão pediram ainda a abertura de corredores humanitários.
O documento foi aprovado por maioria, com o voto contra da CDU e a abstenção do Bloco de Esquerda.
Notícia atualizada com posição da Câmara do Porto sobre conflito entre Israel e o Hamas