Norte e Galiza têm como desafios resolver assimetrias e perda demográfica, revela estudo
Porto Canal / Agências
Vencer as assimetrias internas de desenvolvimento e combater a perda demográfica são os “mais determinantes desafios” que a Eurorregião Norte de Portugal – Galiza tem pela frente, revela o relatório socioeconómico de 2022 do Eixo Atlântico, apresentado esta terça-feira.
As duas regiões do Noroeste Peninsular “representam 50,8 quilómetros quadrados e 6,3 milhões de pessoas” e têm “sabido reinventar-se, modernizando os setores tradicionais e cavalgando a onda dos mais inovadores, desde o turismo, ao setor químico, automóvel ou farmacêutico”, tendo agora como “os mais determinantes desafios” vencer “as assimetrias internas de desenvolvimento e o desafio demográfico”, refere o documento, a que a Lusa teve acesso.
Os autores do estudo do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, apresentado, esta terça-feira, em Braga, assinalam que tanto o Norte de Portugal como a Galiza têm “um grau de envelhecimento da população superior ao dos respetivos países, uma taxa de fecundidade muito baixa e um aumento acentuado da população com mais de 75 anos em contraste com a evolução da menor de 14 anos”.
Em ambos os territórios, o interior apresenta “maiores perdas de população e mais envelhecidos face ao litoral”.
O estudo refere que as duas regiões, “tradicionalmente exportadoras”, contribuíram “em 2022 com saldos comerciais de bens positivos de 2.800 mil milhões de euros, no caso da Galiza, e 2.340 mil milhões de euros, no caso da região Norte, em contraste com o caráter deficitário das balanças comerciais de bens dos seus países”.
“Têm ainda em comum o facto de o principal destino das suas vendas externas serem os países da União Europeia, representando 75% das vendas da Galiza e 73% das do Norte”, indica o relatório.
Para os autores, “a pandemia de covid-19 deixou bem patente os riscos de uma excessiva dependência das cadeias de abastecimento em relação à China e ao Extremo Oriente”, num “aviso a ser levado a sério no futuro e um motivo de reflexão estratégica para os decisores políticos e empresariais”.
“Afigura-se, consequentemente, como evidente, a necessidade de ser levado muito a sério um plano de reindustrialização da União Europeia, especialmente nas regiões que tiveram essa especialização produtiva e onde ainda hoje a indústria continua a ter alguma dinâmica, como é o caso da Galiza e da Região do Norte”, defendem.
No que diz respeito ao Norte de Portugal, “a sub-região do Cávado apresentou a maior taxa de emprego de todas as regiões, ascendendo aos 53,2%”.
“Da população juvenil inserida na população ativa, 101.719 encontravam-se empregados e 21.777 encontravam-se em situação de desemprego” e a zona do Norte com maior taxa de empregabilidade juvenil em relação à população ativa, é o Alto Minho, com 86,4%”.
Com “menor empregabilidade” surge o Douro, com cerca de 78,1%.
De acordo com o Eixo Atlântico, este relatório “constitui uma fotografia da situação social e económica das cidades e do território da Eurorregião após a pandemia”.
O objetivo é ter “um diagnóstico da situação atual que constitui um suporte de informação com o objetivo de ajudar a promover as áreas territoriais do Eixo Atlântico e com a vontade de valorizar os seus pontos fortes e potencialidades”.
O relatório, da autoria de Arlindo Cunha, Fernando González Laxe e Adriano Fidalgo, foi cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal (POCTEP).
O Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular é uma organização intermunicipal transfronteiriça que junta atualmente 39 concelhos do Norte de Portugal e da Galiza.