Rio como primeiro-ministro é "neste momento cenário académico" - Rui Moreira
Porto Canal / Agências
Porto, 05 jul (Lusa) -- O candidato independente à Câmara do Porto Rui Moreira disse hoje que a hipótese do atual autarca Rui Rio ser primeiro-ministro é presentemente "um cenário meramente académico", apesar de muitos acharem que ele "teve razão antes do tempo".
"É óbvio que Rui Rio é olhado por muitas pessoas, e não só do seu partido, com uma pessoa que de facto teve razão antes do tempo relativamente à situação do país. Não me irei pronunciar, até porque esse cenário me parece, neste momento, meramente académico", afirmou Rui Moreira à Lusa, antes de uma visita à freguesia do Bonfim.
Rui Moreira, que é visto como próximo do social-democrata Rui Rio, comentava assim a atual crise política, que admite causar-lhe "alguma perplexidade", e a possibilidade avançada esta semana por alguns comentadores de o autarca ser chamado a liderar uma espécie de governo de salvação nacional.
Desde o início de 2011 que o social-democrata Rui Rio, presidente da autarquia portuense, defende a necessidade de reformar o regime e alerta que a atual crise não é apenas económica mas também política e na quinta-feira reiterou a urgência de "salvar o regime".
A coesão social, eleita por Rio como a maior aposta da autarquia desde 2001, foi escolhida por Moreira como prioridade e a atual crise política deixou o candidato atento à possibilidade da situação social se agravar.
"Os últimos acontecimentos no país demonstram que vivemos tempos muito turbulentos que podem vir ainda a causar ainda maior dano às pessoas. Vai exigir provavelmente do município mais atenção à questão da coesão, da pobreza, da exclusão e da insegurança dos cidadãos", alertou.
Moreira destacou também a importância das "contas à moda do Porto".
"A alocação de recursos tem de ser muito bem ponderada para que, se a situação se agravar, o município possa responder às tais prioridades", defendeu.
Admitindo não conhecer "os contornos" da crise política desencadeada com o pedido de demissão apresentado de Paulo Portas, líder do CSD/PP e ministro dos Negócios Estrangeiros, Moreira pediu "sentido de Estado" aos "políticos e aos partidos políticos, principalmente".
Questionado sobre a atitude de Portas, líder do único partido que apoia a candidatura independente à Câmara do Porto, Moreira não quis fazer grandes comentários mas lembrou que "o facto de o Partido Popular Monárquico apoiar [o candidato do PSD] Luís Filipe Menezes não faz dele monárquico".
"Tenho apreço por quem me dá apoio, mas isso não influencia nada a nossa candidatura, não me influenciou quando tive de criticar a ministra do mesmo partido [Assunção Cristas, que tutela o acionista maioritário da Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto]", explicou, em declarações à Lusa.
Moreira diz estar preocupado com o Porto "e o impacto que uma crise no país, que parece estar-se a adensar, pode ter no futuro da cidade".
"Apreciamos quem nos apoia, admitimos até que venha a haver outros que nos apoiam, mas não é essa a nossa preocupação", afirmou.
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