De “Réplicas” a “Nordico”. Descobrimos o autor dos grafittis misteriosos que pintam o Porto desde os anos 2000
Henrique Ferreira
Começou por vender relógios, mas acabou por abraçar o negócio da família e dedicar-se aos sistemas de refrigeração. Nos dois projetos um denominador comum: o “marketing agressivo e low cost” feito através de grafittis nas ruas. A palavra “Nordico”, normalmente acompanhada de um contacto telefónico, começou a aparecer pintada nas paredes da Invicta há vários anos, mas o autor dos desenhos permaneceu sempre desconhecido. Agora, o Porto Canal conseguiu localizar o homem mistério que, à conta da estratégia de comunicação pouco habitual, já foi condenado pela justiça.
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“Curiosamente tudo começou com uma amiga minha que devia dinheiro a um outro amigo e eu, na altura, pus um banner na Praça do Império que dizia: fulana tal não paga um tostão. E depois ocorreu-me que realmente isto poderia ser uma forma de fazer publicidade”, conta “Nordico”, que prefere não ser identificado com o nome próprio.
A publicidade nas paredes, feita normalmente com tinta ou marcadores, terá começado no início dos anos de 2000 para promover um negócio de venda de relógios replicados. Na altura, o autor assinava como “Rplks”. Só mais tarde passou a identificar-se como “Nordico”, por conta da mudança de atividade profissional.
“O Nordico é uma marca que está na família há mais de 40 anos e vende equipamentos de arrefecimento de água que eu fabrico e na qual resolvi apostar nesse marketing agressivo e low cost”, explica ao Porto Canal.
"Nordico" deixa a sua marca no Porto, mas também em outras cidades do país e do mundo
Quanto à escolha do anonimato conta que “tem um efeito interessante” porque as pessoas comentam e têm curiosidade em descobrir quem é o autor dos desenhos.
“Aliás, até o presidente da Câmara comentou uma vez na rádio que seria interessante descobrir quem seria o Nordico”, recorda.
Além dos grafittis publicitários, o autor dedica-se também aos desenhos “interventivos”, onde se debruça sobre vários problemas da sociedade como a guerra, a desigualdade de género ou a política.
“Nordico” garante que agora opta sempre por fazer os grafittis em edifícios devolutos, até porque, no passado, desenhar em paredes limpas já lhe trouxe dissabores. Em 2010 foi condenado pelo Tribunal da Relação do Porto por um crime de dano simples.