Arouca vai criar polo de atividades para seniores isolados na serra da Freita
Porto Canal/Agências
A Câmara de Arouca vai investir cerca de 220 mil euros para criar um polo de atividades para a população sénior que vive mais isolada na serra da Freita, revelou esta quinta-feira a autarquia do distrito de Aveiro.
Considerando que o concelho da Área Metropolitana do Porto tem perto de 22.400 habitantes dispersos por mais de 329 quilómetros quadrados, dos quais 85% é território florestal, o objetivo da câmara é garantir um “envelhecimento ativo e saudável” à população de localidades mais distantes da sede do município e de outros centros urbanos.
“Vamos requalificar a antiga casa paroquial de Cabreiros e transformá-la num centro cívico e comunitário que fique ao serviço da comunidade local, apoiando-a com a promoção de iniciativas que aninem o seu quotidiano, aumentem a sua qualidade de vida e lhe permitam uma maior participação em iniciativas de cariz social e cultural”, explicou à Lusa a presidente da Câmara de Arouca, Margarida Belém.
A autarca socialista realçou que a população de Cabreiros está envelhecida e sofre os efeitos do isolamento num local que, a cerca de 20 quilómetros da vila de Arouca, tem grande beleza natural, mas não oferece comércio, serviços, oferta cultural regular ou transportes públicos.
“Vamos preparar o novo Centro Cívico e Comunitário e, quando esse estiver pronto, queremos envolver os habitantes no processo de definição das iniciativas a desenvolver nesse espaço, para garantir que elas correspondem realmente aos interesses e gostos da comunidade, e lhes podem ser úteis”, disse Margarida Belém.
Dentro do mesmo espírito, o projeto vai conduzir uma experiência-piloto ao envolver o próprio público-alvo da estrutura num processo voluntário de “cocriação e cogestão” do programa da casa, com base na metodologia dos chamados “mestres de aldeia”.
Para a presidente da Câmara de Arouca, isso permitirá que os idosos de Cabreiros intervenham de forma ativa na melhoria do seu quotidiano, o que gerará sentimentos de “maior valorização pessoal e autoestima, atenuando o pessimismo do envelhecimento e diminuindo a solidão e o isolamento”.
Financiada em 100% ao abrigo do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), a criação do Centro Cívico e Comunitário de Cabreiros deverá arrancar até final de setembro e ficar concluída em 12 meses.
O projeto está a ser desenvolvido com os serviços de gerontologia da Câmara Municipal e conta com o apoio da União de Freguesias de Cabreiros e Albergaria da Serra, envolvendo também a Associação Geoparque de Arouca.
Cidadania, literacia alfabética e digital, registo de memórias e animação lúdica são algumas das áreas que a autarquia já considera abordar na futura programação desse equipamento, que irá igualmente desenvolver atividades intergeracionais que permitam à população idosa partilhar com jovens e crianças do concelho a história e cultura de Cabreiros.
Do património específico dessa localidade fazem parte tradições como o cultivo do milho e o fabrico de broa caseira, a lida da pastorícia, a tradição musical das cantas e cramóis, e a ligação da aldeia à exploração das minas de volfrâmio de Regoufe, que, também em Arouca, alimentaram as necessidades de armamento da II Guerra Mundial.