Russos protestam domingo no Porto e em Lisboa contra “regime terrorista” de Putin

Russos protestam domingo no Porto e em Lisboa contra “regime terrorista” de Putin
Lusa
| País
Porto Canal/Agências

Um grupo de ativistas russos em Portugal organiza este domingo, no Porto e em Lisboa, comícios de protesto contra o Presidente da Rússia, para denunciar o “regime terrorista” de Vladimir Putin e estimular a ação para uma mudança.

A Associação de Russos Livres nasceu no início deste ano em Portugal, constituída por russos que “simplesmente não conseguem ficar sentados a assistir enquanto a guerra horrível na Ucrânia está a acontecer”, explicou à agência Lusa Timofey Bugaevsky, um dos membros.

Este domingo, na Praça da Batalha, no Porto, às 12h, e na Praça dos Restauradores, em Lisboa, às 17h, decorrerão protestos sob o lema “Putin é um assassino”.

“É um evento internacional iniciado pela Fundação AntiCorrupção, fundada [pelo opositor russo] Alexey Navalny”, detalhou o ativista, de 42 anos, lembrando que no próximo 20 de agosto será o terceiro aniversário “de um dia horrível para toda a oposição russa”, quando Navalny foi envenenado.

Comunidades russas noutros países, desde os Estados Unidos a países da União Europeia como Chipre, estão também a convocar protestos para a mesma data.

Com o objetivo de protestar contra o "regime terrorista" de Vladimir Putin, o ativista russo explicou que a organização pretende também alertar que “fazer acordos com terroristas está a levar a mais e mais terrorismo”.

“Por isso, não deve haver nenhum compromisso com Putin”, frisou, acrescentando que o que está a acontecer na Ucrânia é o “mundo democrático a lutar contra uma aliança de regimes ditatoriais”.

Os eventos em Lisboa e Porto são abertos a todas as “pessoas que são contra os regimes ditatoriais”, realçou Timofey Bugaevsky, referindo que também foram convidados bielorrussos, iranianos e venezuelanos.

“É importante trocar experiências e apoiarmo-nos uns aos outros: descobri como é útil ingressar numa comunidade internacional de ativistas e pessoas solidárias da Rússia”, vincou.

Este grupo de ativistas russos começou por participar em protestos existentes, quer organizados por russos, quer por ucranianos. No verão passado, surgiu o primeiro protesto organizado por este grupo, que tem promovido desde então várias iniciativas em Portugal.

Além dos comícios internacionais aos quais se associaram - “Don't Get Used to War”, “SaveMisha”, “FreeNavalny”, “SaveChildrenFromPutinism”, “NoNukesInBelarus” - têm também realizado protestos semanais junto da embaixada da Rússia em Lisboa, todos os sábados, às 14:30, sendo que no próximo, será o 20.º protesto semanal, realçou Bugaevsky.

Esta comunidade de russos em Portugal organiza ainda noites para escrever cartas de apoio a presos políticos na Rússia, acrescentou.

O programador e empreendedor russo sublinhou também à Lusa que esta associação pretende “aumentar a comunidade de protestos e aumentar cada vez mais os protestos”.

“Estamos a tentar estimular a ação. As pessoas que vêm aos protestos acham que é uma grande coisa, mas na verdade é um ponto de partida, é uma forma de mostrar que existimos, de dizer uns aos outros que não estamos sozinhos”, apontou.

Há quase dois anos em Portugal, um país gosta por ser “muito bom para viver”, Timofey Bugaevsky lembrou que na Rússia podia ser preso “por apoiar a oposição e até mesmo por apertar um botão de ‘like’ num vídeo da oposição”, fator que motivou a mudança de país.

“O governo russo cria cada vez mais leis tornando todos os que apoiam a Ucrânia e não obedecem a Putin como criminosos. Também estão a tentar envenenar pessoas” da oposição, denunciou ainda.

“Mas não temos outra escolha, porque sentiriamo-nos pior ao ver notícias horríveis e não fazer nada ou fazer muito pouco para ajudar as pessoas que sofrem com o regime, do qual tivemos medo e não conseguimos mudar durante décadas”, acrescentou.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa – justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.

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