Enfermeiros de Arouca vão registar serviços adiados por Câmara não assegurar motoristas

Porto Canal/Agências
O Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) anunciou esta segunda-feira que os profissionais da Unidade de Cuidados na Comunidade de Arouca vão monitorizar os serviços adiados e falhados devido à indisponibilidade da Câmara para assegurar motoristas à enfermagem domiciliária.
A medida foi definida durante a tarde desta segunda-feira, após a reunião matinal em que essa estrutura sindical e a referida autarquia do distrito de Aveiro debateram argumentos, sem chegarem a uma solução que agrade a ambas as partes.
Paulo Anacleto, dirigente do SEP, disse à Lusa que “como a Câmara continuou irredutível e não apresentou soluções para resolver o problema a breve ou médio prazo, os enfermeiros estão impossibilitados de cumprir a atividade domiciliária programada, que vai ser adiada ‘sine die’”.
“Por esse motivo, até setembro vão monitorizar e registar tudo o que ficar por fazer ou for adiado por culpa desta posição da Câmara, para posterior divulgação”, acrescentou.
Segundo o sindicalista, o problema tem origem na transferência de competências do Estado para a autarquia no domínio da saúde, já que “a Câmara de Arouca não acautelou verbas para assegurar o serviço de táxi que antes o Estado pagava para levar os enfermeiros a casa dos utentes”.
Defendendo que “a autarquia já sabia, antes de aceitar a transferência de competências, que ia precisar de substituir os taxistas”, o mesmo responsável diz que ela “optou por não o fazer” e realça que “o que antes se pagava em táxis dava para contratar três ou quatro assistentes operacionais, com vínculo estável, não só para conduzir, mas também para ajudar noutras tarefas”.
Atualmente, na Unidade de Cuidados na Comunidade de Arouca há um operacional que conduz, mas o SEP diz que esse profissional “é insuficiente para o trabalho de oito enfermeiros”, já que “cada utente domiciliário tem que receber três visitas por semana e agora, com esta situação, pode vir a ter só uma”.
Para Paulo Anacleto, os enfermeiros não estão disponíveis para assumir a responsabilidade das deslocações e “têm que ser firmes” para evitar a sua própria exploração laboral.
“Não é função deles conduzir viaturas. O enfermeiro só tem que fazer o que é da sua estrita competência e isso é exclusivamente prestar cuidados de enfermagem”, frisou.
Sobre o mesmo assunto, a Câmara Municipal de Arouca refuta as acusações iniciais do SEP de estar a reter verbas para transportes ou a afetá-las a outros serviços e recorda que procedeu à aquisição de três viaturas que afetou aos cuidados clínicos, estando a aguardar a entrega de outras pela Administração Regional de Saúde do Norte.
“Como tal, atualmente são mais os recursos de transporte disponíveis nos serviços de saúde do que aqueles que havia antes da transferência de competências”, realça fonte oficial do executivo liderado pelo PS.
“Além disso, a Câmara tem disponibilizado um assistente operacional com habilitação de condução para dar apoio a situações mais complexas e exigentes de deslocação dos enfermeiros a alguns serviços ao domicílio”, acrescenta.
A mesma fonte conclui que a autarquia mantém “porta aberta ao diálogo e com atenção a eventuais problemas que possam existir neste âmbito da saúde”.