“Não pedi nenhum tratamento de exceção”. Manuel Pizarro investigado pelo Ministério Público por ter tentado meter cunha na autarquia de Gaia
Porto Canal
Ainda antes de assumir a pasta da saúde, o ministro Manuel Pizarro terá tentado meter uma cunha ao presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, para que facilitasse a entrada de um funcionário que trabalhava na Câmara Municipal de Gondomar para a autarquia de Gaia. A notícia avançada pelo jornal Público, revela que o funcionário se tratava de um militante do Partido Socialista que já tinha sido presidente de uma junta de freguesia do Porto.
Na altura, Manuel Pizarro era eurodeputado e vereador da câmara do Porto.
De acordo com este jornal, o ministro da Saúde está a ser investigado pelo Ministério Público por, alegadamente, ter pedido uma cunha a Eduardo Vítor Rodrigues. No mandado de buscas a que o Público teve acesso, consta uma lista de nove “suspeitos” com o nome de Manuel Pizarro e Eduardo Vítor Rodrigues.
Esta sexta-feira, numa visita à Unidade Local de Saúde do Alto Minho, Manuel Pizarro afirmou em declarações aos jornalistas que não fez pressão nenhuma. “Não pedi que houvesse nenhum tratamento de exceção, apenas perguntei se havia vaga para que essa mobilidade eventualmente viesse a ocorrer”, explicou o ministro da Saúde.
Manuel Pizarro acrescentou ainda que “está ao dispor das autoridades”.
Ao Público, Eduardo Vítor Rodrigues confirmou que a suposta cunha de Manuel Pizarro “faz parte da indiciação que lhe foi entregue pelo Ministério Público na passada terça-feira, mas recusa qualquer tipo de favorecimento ao militante do PS”. O autarca de Gaia explicou que o militante concorreu a um concurso para assistente técnico na Câmara Municipal de Gaia, mas rejeitou fazer o processo direto para a mobilidade.
Até ao momento, o Público sabe que Manuel Pizarro não foi alvo de buscas no âmbito da Operação Babel. Esta operação "centra-se na viciação de normas e instrução de processos de licenciamento urbanístico em favor de promotores associados a projetos de elevada densidade e magnitude, estando em causa interesses imobiliários na ordem dos 300 milhões de euros, mediante a oferta e aceitação de contrapartidas de cariz pecuniário”, explica a PJ, em comunicado.