“De que adianta fazer um Regulamento da Movida, se não há fiscalização?”, denunciam moradoras
Ana Francisca Gomes
Duas moradoras da zona da movida, no Porto, denunciaram na noite desta terça-feira, em reunião da Assembleia Municipal, que não está a ser feita a fiscalização necessária aos bares que se encontram na zona protegida pelo Regulamento da Movida, que entrou em vigor no dia 1 de março.
“De que adianta fazer um regulamento da Movida, quando não há fiscalização?”, questionou Sara Gonçalves, de 64 anos, moradora na Cordoaria.
O novo regulamento, que se baseia na redução do horário de encerramento dos estabelecimentos comerciais, tem como objetivo adotar medidas que respondam aos problemas sentidos em certas zonas do Porto como o excesso de ruído e o consumo de álcool na via pública. Desta forma, o documento estabelece três grandes zonas: zona de contenção, zona protegida e núcleo da movida, de acordo com o impacto que estes problemas têm na vida quotidiana das pessoas.
A moradora denunciou que, apesar de morar numa zona protegida, a sua zona “nada tem de protegida e está, aliás, cada vez pior”, já que “há estabelecimentos que não estão a cumprir os horários previstos no novo regulamento”.
“O regulamento fez-se para cumprir, mas há que se fiscalizar para ver se há o cumprimento ou não”, pede.
A portuense informou que tem feito “tudo” para tentar que os bares sejam fiscalizados, estando em contacto todas as semanas com as entidades competentes.
Em relação às autoridades policias, diz contactar tanto a PSP como a polícia municipal – “porque uns empurram para os outros” – e que a resposta que muitas vezes recebe é “minha senhora, está mais bem informada do que nós. Se se confirmar o que está a dizer nós mandamos o carro, senão não. Muitas vezes não mandam”.
A mesma situação é confirmada por Paula Amorim, moradora na zona das Galerias de Paris.
Paula lamenta que não haja fiscalização, e diz sentir que os moradores são apenas importantes para a autarquia “quando é para votos”.
"Mas se a câmara não quer cá os moradores, tem uma coisa a fazer: toma posse administrativa da baixa do Porto, indemniza os moradores em condições, e se calhar nós vamos embora. E os turistas vêm ver turistas.”
Notícia editada por Henrique Ferreira.