Partidos acusam Costa de criar “conflito institucional” e falam em “degradação contínua da vida política”
Porto Canal
Após António Costa ter anunciado que não aceitou o pedido de demissão de João Galamba do cargo de ministro das Infraestruturas, o Presidente da República reagiu discordando da decisão do chefe do executivo. Os partidos presentes na Assembleia da República deixam duras críticas a Costa e pedem a dissolução do Parlamento, mas há quem discorde.
O líder do PSD, Luís Montenegro acusa o Governo de estar “de costas voltadas para o país e para as instituições”.
“O executivo mantém-se à deriva, sem liderança efetiva, com inegável falta de autoridade e numa tentativa teatral de ultrapassar tantas fragilidades. A declaração do primeiro-ministro esta noite, prova que este Governo está de costas voltadas para o país e para as instituições”, refere o presidente do principal partido da oposição.
André Ventura arrancou a sua declaração com uma pergunta: “O senhor primeiro-ministro está bem mentalmente?”
Ventura aponta “algo inédito em democracia, um primeiro-ministro que decide enfrentar diretamente o Presidente da República, a grande maioria da opinião pública e, como o próprio reconheceu, dos agentes políticos”.
O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, aponta à dissolução da Assembleia da República. “É uma humilhação pública do Presidente. A única maneira de repor a normalidade democrática é a dissolução”.
Rui Rocha refere que “o que aconteceu hoje é incidente gravíssimo. É um desafio claro à autoridade do senhor Presidente da República. Estamos perante um cenário de conflito institucional aberto. Aquilo que o primeiro-ministro quis fazer esta noite é uma humilhação pública do Presidente da República”, nota.
O PCP, através da líder parlamentar Paula Santos, apontou que “a questão essencial não é entrada ou saída de ministros do governo”, adiantando que “o que tem vindo a prejudicar o país são as opções políticas por parte do Governo e do PS que não se distancia de outros partidos como o PSD, a IL ou o Chega”.
Pelo Bloco de Esquerda, a líder Catarina Martins refere que se assiste “a uma degradação contínua da vida política”. “O que era preciso era uma reorganização do Governo” frisa a líder do BE convidando Marcelo Rebelo de Sousa a pronunciar-se de forma mais concreta. “Estou a presumir que o senhor Presidente da República diga algo mais ao país além daquela nota”, apontou.
Rui Tavares, do Livre, descarta um cenário de dissolução do Parlamento. “Em consciência, não penso que isto seja bom para o país. O primeiro-ministro apresenta como uma espécie de bravata contra o populismo este último ano. Não é com bravatas”, refere o deputado.
Já Inês Sousa Real, do PAN, aponta que “antes que o sr. Presidente da República se pronuncie é precipitado comentar”, disse aos jornalistas.