PS acusa IL de competir com Chega na “mentira e métodos desonestos”
Porto Canal/Agências
O PS acusou esta quinta-feira a IL de competir “com a extrema-direita parlamentar na mentira e nos métodos desonestos” ao atribuir responsabilidades aos socialistas pela organização da sessão solene de boas-vindas a Lula da Silva.
Esta posição foi assumida pelo vice-presidente da bancada parlamentar do PS Porfírio Silva em reação a uma mensagem publicada na rede social Twitter pela Iniciativa Liberal (IL), no dia 25 de Abril, em que o partido afirmava que a ida de Lula ao parlamento no dia da Revolução dos Cravos, e o incidente com o Chega, se tratou “de uma enorme vergonha criada pelo PS para propositadamente alimentar” o partido liderado por André Ventura.
"Uma traição ao 25 de Abril e à Liberdade. Ignóbil", lia-se nessa mensagem.
Em declarações à Lusa, Porfírio Silva acusou a IL de competir “com a extrema-direita parlamentar na mentira e nos métodos desonestos”, apesar de reconhecer, “com gosto, que a IL não imita o Chega nas propostas políticas”.
O deputado do PS defendeu que a IL “sabe perfeitamente” que a presença de Lula da Silva na Assembleia da República no dia 25 de Abril resultou de um convite feito por Marcelo Rebelo de Sousa, “que não podia ter feito, porque não compete ao Presidente da República determinar a agenda” do parlamento.
Perante esse convite, Porfírio Silva frisou que o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, “tentou arranjar uma solução” para que o discurso do Presidente do Brasil não decorresse na sessão solene do 25 de Abril, “porque havia partidos que entendiam que isso não devia ser assim”, apesar de procurar manter o compromisso que Marcelo tinha assumido com Lula.
“O presidente da Assembleia da República arranjou uma maneira de resolver de forma digna para o país, para Portugal, um problema que não tinha sido criado por nós”, disse.
Porfírio Silva acusou assim a IL de vir “atribuir desonestamente responsabilidades ao PS por uma circunstância [com] que não teve nada a ver” e de ignorar que a solução encontrada foi feita para “tentar preservar a dignidade do Estado português”.
“Como é que ficaria o país se nós fôssemos obrigar o Presidente da República a retirar o convite que tinha feito ao Presidente da República Federativa do Brasil?”, questionou.
O deputado do PS disse assim “discordar que a direita, que tem obrigação de ser direita democrática, se deixe embarcar nos métodos absolutamente antidemocráticos e desonestos da extrema-direita parlamentar”.
“Realmente assim, confundindo tudo, a IL está a prestar um péssimo serviço à democracia e está a levar o PSD atrás na mesma onda”, acusou.
Na sessão de boas-vindas ao Presidente do Brasil, esta terça-feira, os deputados do Chega levantaram-se no início do discurso de Lula da Silva e empunharam três tipos de cartazes, nos quais se lia “Chega de corrupção”, “Lugar de ladrão é na prisão” e outros com as cores das bandeiras ucranianas.
O Presidente do Brasil continuou o seu discurso durante mais alguns minutos, mas mal houve uma pausa, as bancadas à esquerda e do PSD aplaudiram entusiasticamente, enquanto os deputados do Chega batiam na mesa, em jeito de pateada, o que levou Augusto Santos Silva a intervir.
“Os deputados que querem permanecer na sala têm de se comportar com urbanidade, cortesia e a educação exigida a qualquer representante do povo português. Chega de insultos, chega de degradarem as instituições, chega de porem vergonha no nome de Portugal”, afirmou Santos Silva, visivelmente irritado.