Poderá a TAP fazer check-out a mais membros do Governo?
Porto Canal
Depois dos episódios das indemnizações que levaram à saída do ministro e do secretário de Estado das Infraestruturas, a polémica em torno da transportadora aérea nacional reacendeu-se.
A comissão de inquérito à gestão da TAP trouxe revelações que surpreenderam todos os setores políticos e eis que - embora tardiamente - António Costa emite uma reação incendiária.
O primeiro-ministro descartou responsabilidades no caso do email que pediu o reagendamento de um voo para agradar a Marcelo, e disse mesmo que se soubesse da comunicação entre o ex-secretário de Estado e a presidente executiva da TAP, teria ordenado ao - à altura - ministro Pedro Nuno Santos, a imediata demissão de Hugo Mendes.
As declarações de Costa chegaram depois de vários comentadores e observadores políticos terem referido a necessidade de o primeiro-ministro se retratar perante novo escândalo a envolver a TAP. A agora exposta promiscuidade entre governo e empresa pública é rejeitada pelo líder do Executivo, que diz que não confunde natureza pública com gestão política e que, regra geral, aprecia o relacionamento estratégico que diferentes ministros mantêm com o Metro, a Caixa Geral ou as Águas de Portugal.
Mas os argumentos do chefe do Governo não convenceram os seus colegas de partido. O presidente da Assembleia da República deu-lhe um puxão de orelhas e garantiu que reuniões de governantes e administradores de empresas públicas, em vésperas de inquéritos, não voltarão a repetir-se.
Em choque com estas declarações entrou o presidente do Partido Socialista, Carlos César, que usou as redes sociais para dizer que sempre foi prática fazer essas reuniões informativas e/ou preparatórias, com governantes, com gestores de empresas ou institutos públicos.
Teceu elogios a Pedro Nuno Santos, cujo silêncio estará a incomodar profundamente o primeiro-ministro, e aproveitou para enviar um recado para São Bento.
Perante o cenário de falta de credibilidade do atual executivo para se manter em funções, lembra Carlos César que "o PS obteve há pouco mais de um ano 41% dos votos expressos e sensivelmente o mesmo número de votos do atual Presidente da República que, a esse respeito, foi claro na tomada de posse do governo".
Poderá a instabilidade económica e social continuar a ser usada por Marcelo para impedir uma aterragem de emergência do governo de Costa, forçada pelos sucessivos acontecimentos na TAP?