Estátua de António Guterres em Vizela gera alguma contestação entre populares
Porto Canal
A inauguração da estátua de António Guterres, em Vizela, aconteceu no passado domingo, 19 de março, no âmbito da comemoração dos 25 anos da elevação de Vizela a concelho.
No entanto, segundo noticia o jornal ‘Público’, esta instalação tem gerado alguma contestação por parte dos populares. Os vizelenses consideram o valor gasto “estranho” e “ridículo” perante a época de crise que se está a fazer sentir.
Tal como avança o jornal ‘Público’, a estátua, no valor de 89.980 euros, foi adjudicada através de ajuste direto à empresa Artecanter – Indústria Criativa, Lda, com a qual a Câmara Municipal de Vizela já tinha celebrado, desde 2011, 16 contratos públicos, entre os quais 12 foram por ajuste direto.
A estátua de António Guterres é uma homenagem a uma promessa prometida há alguns anos atrás. Em 1993, quando António Guterres ainda era secretário-geral do Partido Socialista (PS), prometeu, caso fosse eleito primeiro-ministro, que desligava Vizela do concelho vizinho de Guimarães. Assim foi, cinco anos depois, em 1998, quando já era primeiro-ministro, António Guterres cumprir a esperada promessa dos vizelenses e no passado domingo assinalaram-se 25 anos desse feito.
Trata-se de uma escultura de bronze de 400 quilos com dois metros de altura.
Ao jornal ‘Público’, os vizelenses consideram que a estátua de António Guterres não representa “uma ligação à identidade local”. “Tivemos pessoas em Vizela que fizeram mais pela cidade”, disse um habitante ao ‘Público’.
No entanto, do outro lado da há quem apoie e reconheça a inauguração desta estátua. Uma vizelense disse ao jornal ‘Público’ que António Guterres foi o “único que cumpriu e prometeu”. “A homenagem é justa e, se mandaram fazer a estátua, é porque há dinheiro e foi bem gasto”, salientou a vizelense que acompanhou a passagem de Vizela a cidade.
Ainda assim, ao ‘Público’, um outro comerciante questionou o ajuste direto e acredita que o recurso a este tipo de contratação pública ocorreu para que não fossem levantadas questões.
O comerciante contou ao ‘Público’ que foram apanhados de surpresa, porque a “estátua foi anunciada uns quatro ou cinco dias antes da inauguração". Relativamente ao valor, acha que é “ridículo, tendo em conta a conjuntura do país” e também pelo cargo que António Guterres ocupa atualmente.
“A situação é ainda mais ridícula se tivermos em conta o cargo dele na ONU: angaria dinheiro para ajudar pessoas com necessidades e acha bem gastar-se 90 mil euros numa estátua?”, questionou o comerciante ao ‘Público’.
O gabinete de assessoria de António Guterres confirmou ao ‘Público’ que o Secretário-geral das Nações Unidas “foi informado sobre o tributo” que lhe foi prestado, mas garantiu que “não tem quaisquer informações acerca do modo como a estátua foi desenvolvida ou financiada”.
Victor Hugo Salgado, Presidente da Câmara Municipal de Vizela, explicou ao jornal ‘Público’ que a instalação da estátua “faz parte da ideia de criar um museu vivo” que homenageie “quem mais fez pela autonomia do concelho”.
“Homenageámos primeiro o povo e depois o MRCV, a Pesada, os jornalistas e agora António Guterres. Queremos reforçar a nossa identidade e valorizar todos os interlocutores”, finalizou o autarca.