Liberais votam hoje para escolher 4.º presidente da sua história
Porto Canal / Agências
Os 2.300 membros inscritos na VII Convenção Nacional da IL vão hoje votar para escolher o novo presidente liberal, concorrendo à sucessão de João Cotrim Figueiredo os deputados Rui Rocha e Carla Castro e o conselheiro nacional José Cardoso.
O último dia da reunião magna vai desfazer a dúvida sobre quem será o quarto presidente da história do partido com pouco mais de cinco anos, depois de o sábado ter sido dedicado à discussão das moções e troca de críticas entre as listas concorrentes.
Já depois do jantar do primeiro dia, a reta final da discussão das moções de estratégia ficou marcada por um “pingue-pongue” entre Rui Rocha e Carla Castro, depois de a lista da candidata ter falado de um “cheiro a mudança” e o candidato se ter focado no discurso para o país.
A divisão e a incerteza quanto ao desfecho destas eleições foram notórias ao longo do primeiro dia, tendo em conta a reação da sala aos diferentes discursos de cada uma das listas.
Como parte dos inscritos está a participar à distância, as palmas não são suficientes para antecipar o resultado da votação para os órgãos nacionais, que decorre hoje durante a manhã de forma eletrónica.
Com a disputa interna acesa, o processo eleitoral desta convenção vai ser validado com a assessoria de uma consultora contratada para o efeito.
Esta é a primeira vez que a IL tem umas eleições internas com mais do que uma lista à comissão executiva, um calendário eleitoral antecipado provocado pela decisão de João Cotrim Figueiredo não concluir o seu mandato.
O arranque dos trabalhos de sábado foi marcado precisamente pelo último discurso de João Cotrim Figueiredo, que respondeu diretamente aos críticos, apontou ao PS de António Costa e ao Governo “em desagregação” e garantiu que não se tratava de adeus, mas sim de um até já.
Do púlpito da convenção, que volta a decorrer no Centro de Congressos de Lisboa, ouviram-se garantias e apelos à união dentro do partido após as eleições internas que contrastaram com discursos mais “quentes” e muitas acusações entre as diferentes listas.
Rui Rocha disse que não quer “fazer cócegas ao sistema”, mas sim “mudar Portugal” e traçou como objetivo “romper o bipartidarismo”, assegurando que o partido sairá unido da convenção independentemente do resultado.
Já Carla Castro, que conseguiu levantar a sala na sua intervenção, pediu um partido em que “os membros são livres” e não aceitam que lhes digam “quem deve ser o presidente”, sem “barões e caciques”.
Por seu turno, José Cardoso defendeu que os seus dois adversários representam mais do “mesmo arroz” dos partidos tradicionais, afirmando ser o único com um projeto político novo.
Os primeiros candidatos à liderança liberal surgiram da bancada parlamentar e da comissão executiva cessante, Rui Rocha e Carla Castro, tendo o conselheiro nacional José Cardoso sido o último a juntar-se a esta corrida eleitoral a três.
Se Rui Rocha conta com o apoio de João Cotrim Figueiredo – o que valeu muitas críticas de quem não gostou da forma como foi conduzido o processo – e todos os deputados que decidiram tomar partido, Carla Castro tem consigo o primeiro presidente liberal, Miguel Ferreira da Silva, e o antigo candidato presidencial Tiago Mayan Gonçalves.