Nova estrada de Arouca até nó da A32 na Feira abre ao público no dia 23
Porto Canal / Agências
A nova estrada entre o Parque de Negócios de Escariz, em Arouca, e o nó de Pigeiros da A32, em Santa Maria da Feira, abre no dia 23, para facilitar a circulação de pessoas e escoamento de mercadorias.
O último troço da chamada “variante à EN 326” ainda fica por construir, num processo cuja conclusão esse concelho do distrito de Aveiro vem reivindicando há mais de 25 anos, mas a nova via de 7,141 quilómetros já permitirá o que a câmara municipal e a empresa pública Infraestruturas de Portugal (IP) consideram um contributo para a melhoria da qualidade de vida da região.
“A nova ligação irá garantir a melhoria das condições de segurança e a redução do tempo de viagem entre destinos, bem como promover o reforço da competitividade e das condições de criação e instalação de empresas na região, potenciando a criação de emprego e o aumento as exportações”, declarou fonte da IP à Lusa.
A presidente da Câmara Municipal de Arouca, Margarida Belém, realça, contudo, que a obra de 30,4 milhões de euros financiada pelo Orçamento de Estado “é mais um passo dado – mas não o último – para um acesso condigno aos principais eixos viários do litoral, reduzindo, por essa via, a secular desigualdade física, económica e social a que o concelho esteve votado” e que a autarquia tem procurado diminuir.
Baseado num projeto da COBA – Consultores de Engenharia e Ambiente S.A. e construído pelo consórcio Ferrovial / Alberto Couto Alves – Vias A.C.E., o novo troço foi executado em 870 dias e, após a respetiva inauguração institucional, deverá abrir ao público às 13:00 do dia 23, com duas faixas de circulação em cada sentido.
A empreitada decorreu num território que a IP descreve como “fortemente condicionado pela morfologia acidentada do terreno” e atravessado por diferentes tipos de ocupação, o que implicou “sobretudo o atravessamento de baixas agrícolas”, assim como a contenção de desníveis com parede pregada e reforço de solos em extensões de 21 a 300 metros.
A obra também envolveu arranjos para ligação a nove estradas municipais já existentes e a construção de 12 estruturas especiais: uma ponte de 96 metros sobre o rio Ul; uma rotunda em Escariz; três passagens superiores, duas inferiores e duas agrícolas; e quatro viadutos, dos quais o de Vilarinho com 574 metros de comprimento, o de Monte Calvo com 168, o do Londral com igual extensão e o de Escariz com 132.
Ao longo da nova via houve ainda trabalhos para instalação de iluminação pública, criação de um canal técnico rodoviário, aplicação de vedações e execução de caminhos paralelos.
O conjunto dessas intervenções implicou o que a IP contabiliza como a desmatação de mais de 42 hectares de terrenos, a escavação de 975.000 metros cúbicos de solos, a deslocalização de 635.000 metros cúbicos de aterros, a aplicação de 300.000 metros quadrados de materiais betuminosos, a construção de 30.000 metros cúbicos de betão e a instalação de 4.000 toneladas de aço.
Margarida Belém reconhece que o novo troço terá um impacto positivo na “competitividade do território e na qualidade de vida de todos os que nele vivem”, facilitando “a fixação de pessoas e empresas, que agora terão outras condições de acessibilidade e de segurança rodoviária”, e acrescenta à sua análise uma outra perspetiva: “Como esta ligação é fundamental para diminuir o tempo das deslocações, nos tempos que correm isso terá necessariamente impacto na fatura de combustível”.
A autarca socialista insiste que, “para estar finalmente concluída a Via Estruturante de ligação de Arouca ao Litoral, ficam ainda a faltar os últimos oito quilómetros, entre Mansores e Escariz”.
“É urgente lançar-se a empreitada para a conclusão do troço em falta, cujo projeto já existe. Não será admissível que demoremos mais 16 anos a concluir uma obra legitimamente reclamada por todos os arouquenses. Acabar-se a obra é um gesto de elementar justiça para com a comunidade local e, muito concretamente, para com os nossos empresários, que, apesar das dificuldades inerentes a um território de interior como o nosso, nunca deixaram de aqui investir, nem de aqui criar raízes e crescer”, defende a presidente da Câmara.
Sobre o troço que continua em falta para conclusão definitiva da variante à EN326, cuja obra foi iniciada em 2006, a Lusa questionou a IP e o Ministério das Infraestruturas, mas nenhuma dessas entidades deu qualquer resposta sobre o assunto.