Nuno Cabral, ‘menino querido’ do Benfica, em tribunal: “Nunca enviei um e-mail”
Porto Canal
Nuno Cabral, "benfiquista acérrimo", está a ser ouvido na manhã desta terça-feira na qualidade de testemunha no julgamento relativo à divulgação dos e-mails do Benfica no Porto Canal. O antigo delegado da Liga negou a autoria dos e-mails revelados, colocou a hipótese de alguém ter entrado na sua conta e chegou mesmo a afirmar: “Nunca enviei um e-mail.”
Questionado sobre se tinha conta de e-mail e como nunca tinha enviado um e-mail, o antigo delegado da Liga clarificou que nunca enviou e-mails para pessoas do futebol. Apesar de conhecer Paulo Gonçalves, Vieira e "todos" os árbitros, apenas correspondia através de "telefone e whatsapp."
A explicação apontada pelo fisioterapeuta de formação para os e-mails com a sua assinatura é uma possível entrada na sua caixa de correio. Questionado pela procuradora do Ministério Público sobre se entravam no seu e-mail só para enviar e-mails para Luís Filipe Vieira, Paulo Gonçalves e Pedro Guerra, Cabral aponta uma explicação: “Hoje em dia é muito fácil entrar nos e-mails. Eu não percebo nada de informática, mas é muito fácil.”
Recorde-se que o jornal RECORD revelou em julho de 2017 trocas de e-mails em que Nuno Cabral ocultava a identidade através do uso do pseudónimo Eva Mendes. Esta manhã, Cabral negou em tribunal o uso do pseudónimo, apesar de "conhecer" a atriz homónima. A prática do uso de pseudónimos era comum entre vários protagonistas do caso dos e-mails, como Ricardo Costa, Adão Mendes e Bruno Paixão. Ainda segundo o desportivo, Cabral terá dito que quer ser o “menino querido” do Benfica e que “o homem” confiasse nele. O antigo delegado nega.
Já de acordo com o jornal A BOLA, também em junho de 2017, a subida de Nuno Cabral à primeira liga terá sido impulsionada pelo Benfica e Paulo Gonçalves. O então delegado enviava mensagens com informação confidencial sobre os árbitros e, em 2014, terá pedido ao antigo diretor jurídico do Benfica que intercedesse a seu favor para ser promovido a jogos da primeira liga. Ainda segundo A BOLA, na sequência do pedido, Paulo Gonçalves terá reencaminhado as mensagens de Cabral para Mário Figueiredo, então presidente da Liga.
Um dos casos mais polémicos que envolveu Nuno Cabral é o do envio de informação interna sobre os estágios dos árbitros. Segundo os e-mails revelados à data pela imprensa desportiva, o antigo delegado da Liga reencaminhava e-mails provenientes de um misterioso "João Viatodos", que seria a origem da fuga de informação. Cabral revelou na manhã desta terça-feira poder tratar-se do árbitro João Pinheiro, que é proveniente de Viatodos, freguesia de Barcelos.