Frescos de Júlio Pomar: a obra que resistiu à censura da PIDE
Porto Canal
As obras de requalificação do Cinema Batalha puseram de novo à vista a obra de Júlio Pomar, censurada pela ditadura, na década de 40.
Sete camadas de tinta separaram, durante décadas, uma das marcas da censura na cidade do Porto, dos dias de hoje, em que os frescos do modernista Júlio Pomar, serão novamente devolvidos à liberdade e a quem visitar o renovado Cinema Batalha.
Para Liliana Silva, técnica de conservação e restauro, maior do que o desafio profissional, foi a importância de fazer parte da equipa responsável pelo processo que devolveu à sociedade a obra de um artista, manifestamente contra o Estado-Novo, cujas marcas da PIDE puderam ser apagadas.
O que era uma manifestação popular, alusiva à festa do São João no Porto, rapidamente foi vista como uma manifestação política, anti-regime, aos olhos da censura.
Explica a técnica responsável, que foi necessário recorrer a um processo químico para diluir a tinta branca que separava os anos 40 dos dias de hoje.
Para Cátia Meirinhos, vice-presidente da empresa municipal GO Porto, “está uma obra muito interessante”. Acredita que a requalificação assume uma grande importância, não só por devolver um edifício histórico à cidade mas, sobretudo, por ter sido possível recuperar os frescos, que se julgavam destruídos - “o que fizeram, que foi ocultar e pintar, acabou por proteger os frescos do Pomar”.
Os dois painéis, agora restaurados, poderão ser vistos a partir de 9 de dezembro, data em que o Batalha Centro de Cinema abrirá portas, em pleno coração da cidade do Porto.
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