Monumental da Póvoa. Um espaço de memória entre o clímax e o negro
Porto Canal
Alguém escreveu “morte” nas paredes da Monumental Praça de Touros da Póvoa de Varzim. O substantivo feminino foi agora abaixo, tal e qual como toda a estrutura. As opiniões dividem-se, a estrutura devia ser preservada e reutilizada para outras funções: a estrutura devia ir mesmo abaixo, por representar a ‘morte’. Mas a verdade é que foi demolido e dará lugar a um espaço multiusos de nome: Póvoa Arena.
Foi em 1949 que o Monumental foi inaugurado na pequena cidade de pescadores, que era a Póvoa de Varzim com fortes influências do Estado Novo. Até 2018, ano em que foi desativada, a Praça de Touros viu milhares e milhares de pessoas, uma verdadeira afición.
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Comum a todos os espetáculos tauromáquicos é a luta contra a brutalidade aplicada nos animais, nomeadamente o ato de espetar metal no dorso do touro e a estocada final, que leva à morte do imponente animal.
É este clímax quase orgásmico da afición, onde o toureiro espeta a espada na direção do coração do touro e onde, em cima de um cavalo, um cavaleiro tauromáquico espeta a lança, vez após vez, no dorso do animal, que leva aos apoiantes da vida animal a protestar e a pedir o fim da tauromaquia.
Maquete: Póvoa Arena
Na Póvoa, terra de ‘nortada’, a verdade é que, com o passar dos anos, o vento empurrou para fora da cidade a febre das touradas. Mas esta mesma febre levou a que, no dia em que o Monumental começou a ser demolido, tenham sido entregues envelopes com balas endereçadas a Aires Pereira, presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, e Luís Diamantino, vice-presidente. A autarquia destacou o ‘timming’ do acontecimento, 24 horas após o início da demolição da desativada Praça de Touros da cidade.
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