Técnica da "gaiola pombalina" resgatada no Minho para criar casa ecológicas

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Porto Canal / Agências

Lisboa, 06 jul (Lusa) -- A "gaiola pombalina", estrutura de madeira usada para reforçar paredes, é uma marca identificadora dos edifícios da Baixa de Lisboa, onde nasceu há mais de 250 anos, mas este ano vai começar a aparecer no Minho e na Galiza.

Licenciado em estudos superiores de arquitetura, João Alves, de Ponte de Lima, esteve no início do ano em Lisboa a trabalhar durante cerca de um mês e, nas visitas pela cidade, recordou o "tempo de estudante" quando a "gaiola pombalina" constava dos livros enquanto "processo já extinto".

Desta recordação surgiu a vontade de "resgatar a técnica".

"Isto é tão lindo, que tenho de me mexer", pensou João Alves, que assegurou à agência Lusa querer alargar o uso daquela técnica portuguesa, inspirada na construção naval, à construção de casas de madeira, que são a sua área profissional.

À vontade do empresário, somaram-se resultados "muito bons" nos ensaios feitos à técnica da "gaiola" na Universidade do Minho, assim como uma "tecnologia nova" a nível do isolamento térmico, o que resulta em casas ecológicas.

Recordando que a "gaiola pombalina" consistiu em cruzamentos em "x" de travessas de madeira envolvidas em alvenaria proveniente dos escombros do terramoto de 1755, em Lisboa, o empresário decidiu, no seu projeto, utilizar restos das pedreiras de Ponte de Lima.

"Procurei ser coerente com o mesmo conceito de Lisboa. A casa tem um aspeto resistente, tem uma boa aceitação, fica como uma homenagem e é um sistema que posso reproduzir até ao infinito, porque o módulo é a parede, não é a casa", explicou João Alves, em declarações à agência Lusa.

Construída está já um micro casa, com 28 metros, que serve como exposição de uma técnica desconhecida no Minho, enquanto a primeira habitação deve ser instalada em Mondariz, na Galiza (Espanha).

"As pessoas têm pouco dinheiro, não têm a certeza se vão ficar ali, e a casa pode ser mudada", explicou.

Noutros países, o reforço das paredes nas casas de madeira já existe, mas "fica sempre escondido". Em Portugal, é ainda necessário usar técnicas térmicas diferentes, pois as temperaturas no país podem chegar aos 40º, durante o dia, e descer até aos 15º, à noite.

Como a madeira é um material com "inércia térmica fraca" são necessárias correntes de ar para arrefecer a casa e fontes de calor para a aquecer. Com parede de pedra, o calor do sol retido é libertado gradualmente, mantendo temperaturas constantes ao longo das 24 horas, disse o empresário, explicando que apenas deverá ser necessário usar fontes de calor artificiais nos dias sem sol.

Segundo João Alves, a "gaiola" pode ser utilizada em construção nova ou em reabilitação e ficar visível ou não, conforme a vontade do cliente.

O metro quadrado da nova "gaiola pombalina" ronda dos 800 euros.

PL // JLG

Lusa/fim

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