Centro de Arte, Artesanato e Design requalificado para ser "farol" da cultura em Cabo Verde

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Porto Canal / Agências

O Centro Nacional de Arte, Artesanato e Design (CNAD), a primeira instituição cultural criada de raiz em Cabo Verde após a independência, foi agora requalificado para ser o "farol" das artes e da cultura no país.

 "Acaba por ter esse papel por estar sempre no desbravamento de terrenos que por vezes estão por desbravar. Temos um percurso histórico bastante rico, temos um trabalho de várias gerações, mas é preciso também continuar a ampliar essa visão e essa capacidade de materializar com mais qualidade", começou por salientar à Lusa Irlando Ferreira, diretor-geral do centro, inaugurado no sábado pelo primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva.

Situado no coração do Mindelo, na ilha de São Vicente, o CNAD funciona num dos edifícios mais antigos da cidade, mesmo em frente à Praça Amílcar Cabral, que serviu de residência oficial do Senador Augusto Vera-Cruz.

Mandado construir por volta de 1890, o edifício iniciou as suas atividades culturais em 1976, com a Cooperativa Resistência, e é tido como a primeira instituição cultural criada em Cabo Verde, logo após a independência de Portugal, em 1975, através de um núcleo de artistas e professores, conduzidos por Manuel Figueira, Luísa Queirós e Bela Duarte.

No ano seguinte, passou a Centro Nacional de Artesanato (CNA), entre outras atribuições que conheceu, como estação de rádio, quartel, liceu, grémio recreativo e espaço de criação.

Depois de cerca de três anos em obras, o espaço voltou a abrir as portas à cidade do Mindelo e ao mundo, representando um "orgulho" para todos os cabo-verdianos, tanto dentro, como fora do país, conforme disse o diretor-geral.

"Isso foi um trabalho desenvolvido ao longo de bastante tempo, que tem um pensamento estruturado, que tem uma visão clara e tem uma lógica de médio, longo prazo", salientou o responsável, que destacou o trabalho "profundo, maturado, com pensamento" durante a requalificação do centro, que agora tem uma programação a nível nacional e internacional, feita "com cuidado", com profissionais com competência.

"Acreditamos que a partir deste momento temos as condições para abordar as artes e a cultura em Cabo Verde cada vez com mais qualidade, cada vez com mais cuidado, e acredito que o CNAD servirá também de inspiração para outros equipamentos culturais que certamente vão surgir em Cabo Verde", perspetivou o mesmo responsável.

Num investimento de um milhão de euros do Governo de Cabo Verde, através do Fundo do Turismo, Irlando Ferreira disse que os trabalhos nunca tentaram criar uma rutura, mas sim uma continuidade e complementaridade daquilo que foi no passado.

"Não seria nada benéfico para o contexto de Cabo Verde", explicou, dando conta que o CNAD conta com quase 800 peças, num acervo investigado pelo artista Manuel Figueira, mas também de outras manifestações, exposições de pintura, fotografias, tapeçaria.

"Temos aqui uma mão cheia de propostas de altíssima qualidade", mostrou o diretor, referindo que os trabalhos de requalificação contaram com ajuda de técnicos portugueses, numa forma de tentar alargar as competências e ter um trabalho de mais qualidade.

"Parece-me que este é o caminho", mostrou a mesma fonte, para quem o CNAD está a marcar um "momento único", no sentido em que a programação cultural é feita com uma previsibilidade maior, de um a dois anos de antecedência, tendo já os primeiros visitantes.

Um aspeto visual que chama atenção é a cobertura da fachada com tampas de barris de lata com diversas cores, um material que está na génese de Cabo Verde, por causa da diáspora, que enviava e envia remessas dentro desses recipientes, que depois são usados para outros fins, nomeadamente para a construção de casas de lata nas periferias da cidade do Mindelo.

"É um recurso que as pessoas usam para suprir outras necessidades, não tão nobres. Também são usados para fazer utensílios e os arquitetos quiseram abordar essa matéria-prima, esse elemento, de forma tão simbólica, tão contemporânea", referiu.

Se por um lado o "bidon" traduz as dimensões económicas, sociais e culturais de Cabo Verde, por outro, prosseguiu o diretor, no CNAD é abordado como uma pauta musical, em que cada cor representa uma nota, e a fachada é a 'pele' e tem a função de mediar a luz e circulação de ar no espaço.

"Ou seja, há todo um pensamento que está subjacente a essa tomada de decisão de fazer essa fachada, que tem um aspeto simbólico muito forte, uma presença arquitetónica muito forte, mas não é por acaso, é saber ler a nossa história e o nosso contexto hoje", salientou.

Irlando Ferreira disse que o trabalho do CNAD não é apenas a requalificação, dando conta que vão ser feitas várias outras atividades, como toda a regulamentação do setor do artesanato, e criar espaços para que os criativos possam atuar da melhor forma e com qualidade desejada.

As obras de arrancaram em fevereiro de 2019, mas foram suspensas um ano depois por causa da pandemia da covid-19, mas o novo CNAD está agora de portas abertas, segundo o Governo, constituindo "um verdadeiro virar de página na história cultural de Cabo Verde e da África Ocidental".

O centro vai passar a funcionar entre terça-feira e sexta-feira, das 10:00 às 13:00 locais (mais duas horas em Lisboa) e das 15:00 às 19:00, bem como aos sábados das 10:00 às 14:00 e das 18:00 às 21:00, e domingo das 17:00 às 21:00.

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