Seguro acusa Passos de destruir em três anos três gerações
Porto Canal
O secretário-geral do PS acusou hoje o primeiro-ministro de liderar um Governo que em três anos destruiu três gerações, mas Passos atribuiu ao próprio Seguro a autoria da tese de que os problemas começaram antes deste executivo.
Este confronto de posições entre o primeiro-ministro e o líder socialista teve lugar logo no início do debate sobre o estado da Nação, na Assembleia da República.
António José Seguro traçou um retrato "negro" sobre a atual situação do país, advogando a ideia de que tudo começou a 21 de junho de 2011, com a tomada de posse do executivo PSD/CDS e com a opção "deliberada" por um "caminho de empobrecimento".
"O seu Governo tomou posse há três anos e nestes três anos o senhor destruiu três gerações de portugueses: A dos avós, a dos pais e a dos filhos", apontou o secretário-geral do PS.
Segundo a análise de Seguro, a geração dos avós foi "destruída" com o corte nas pensões e nas reformas e com crescentes dificuldades de acesso aos cuidados de saúde; a geração dos pais foi afetada pelo aumento de impostos e pelo desemprego; e a geração dos filhos foi forçada a uma emigração, "porque neste país não há oportunidade para os mais jovens".
"Mais do que isso, o senhor destruiu a esperança dos portugueses. O senhor cometeu um grave erro e foi a 21 de junho que tudo começou", declarou ainda António José Seguro, dirigindo-se a Pedro Passos Coelho.
Pedro Passos Coelho pegou imediatamente na questão da data para responder ao secretário-geral do PS e para criticar os governos socialistas de José Sócrates.
"Estranho que o senhor venha dizer que tudo começou a 21 de junho de 2011, porque tenho ouvido nas últimas semanas o senhor deputado a explicar que tudo começou muito antes - e tenho concordado com as suas observações, porque tudo começou muito antes", observou o líder do executivo, numa alusão aos governos de José Sócrates.
Mas o primeiro-ministro foi ainda mais longe na resposta ao secretário-geral do PS: "Mesmo que o senhor deputado tivesse precisado de tanto tempo para reconhecer [o período dos governos de Sócrates], os portugueses nunca precisaram de tanto tempo para isso".
"É patente que o que se passou nos últimos três anos é consequência de políticas deslocadas, anacrónicas e erradas prosseguidas ao longo dos últimos anos. Se tivermos de escolher um ano de referência para o aumento do desemprego estrutural, para o aumento sensível da dívida do Estado, teríamos de escolher a passagem do ano de 2007 para 2008", acrescentou o primeiro-ministro.