Campeonatos Nacionais de futebol. Hoje tudo pode mudar
Porto Canal
Oitenta e quatro delegados analisam, discutem e votam esta quarta-feira, a partir das 17 horas, em Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), três propostas sobre a categorização dos troféus (campeonatos nacionais e taças de Portugal) conquistados entre 1921 e 1938.
A batalha já é antiga, mas conhecerá agora um desfecho. O braço de ferro surgiu em 2016, ainda no primeiro mandato de Bruno de Carvalho na liderança do Sporting e gerou, desde logo, polémica. O líder leonino reclamava mais 4 títulos de campeão para o clube de Alvalade, vencidos entre 1922 e 1938.
A ambição do conjunto leonino levou a FPF a criar, em 2018, a Comissão Independente para a Análise dos Títulos Nacionais, que produziu dois pareceres, ambos com consequências na atribuição de troféus.
Além destes dois pareceres, foi admitida à discussão uma terceira versão, apresentada pelo próprio Sporting, proposta que foi aceite por José Luís Arnaut, que irá presidir a reunião.
De forma sucinta, o que está em cima da mesa é apurar se as provas que antecederam o atual Campeonato Nacional, que arrancou em 1938/39, devem ser acrescentadas à listagem de títulos reconhecida até hoje.
Em causa está o período de compreendido entre 1921 e 1934, no qual foi disputado o designado Campeonato de Portugal, uma prova por eliminatórias, sendo que entre 1934 e 1938 jogou-se o Campeonato da Liga (ou Liga Experimental), em simultâneo com o Campeonato de Portugal.
Os pareceres apresentam conclusões distintas, o que significa que a decisão poderá reescrever a história dos títulos de Campeão Nacional e vencedor da Taça de Portugal.
Parecer 1: “Os vencedores do Campeonato de Portugal entre 1921/22 e 1933/34 são considerados campeões nacionais, tal como os vencedores do Campeonato da Liga entre 1934/35 e 1937/38, prova que antecedeu o denominado Campeonato Nacional.
Já o primeiro classificado do Campeonato de Portugal entre 1934/35 e 1937/38 devem ser reconhecidos como vencedores da Taça de Portugal.” A ser aprovado este parecer, seriam atribuídos mais três títulos de campeão ao F.C. Porto (33) e Belenenses (4) e dois a Sporting (21) e a Benfica. (39). Já Olhanense, Marítimo e Carcavelinhos somariam 1 campeonato cada.
Parecer 2: “O Campeonato de Portugal é a prova que antecedeu a Taça de Portugal e os Campeonatos das I e II Ligas foram os antecessores dos campeonatos nacionais das I e II divisões. De acordo com este parecer devem ser reconhecidos como campeões nacionais os vencedores dos campeonatos das Ligas, no período entre 1934/35 e 1937/38.
De igual modo são considerados vencedores da Taça de Portugal, as equipas que venceram o Campeonato de Portugal, entre 1921/22 e 1937/38.”
Com a aprovação deste parecer, o quadro de campeões não mudaria, somente a lista de vencedores da Taça de Portugal. Esta passaria a incluir mais 11 troféus, a distribuir pelos três grandes: Sporting (quatro), F.C. Porto (quatro) e Benfica três).
Proposta 3 (Sporting): “Os vencedores do Campeonato de Portugal entre 1921/22 e 1937/38 devem ser reconhecidos como campeões nacionais, o que implica que as equipas que venceram o Campeonato das Ligas entre 1934/35 e 1937/38 percam os respetivos títulos, por não ser a competição reconhecida como campeonato nacional.
Noutro âmbito, o Campeonato de Portugal é considerado a competição mais importante e antecessor do Campeonato Nacional.” Neste cenário, o Sporting juntaria quatro títulos ao palmarés, o Benfica continuaria com os atuais 37 campeonatos e o F.C. Porto subiria de 30 para 32.
Se nenhum dos três pareceres for aprovado por maioria, mantém-se a atual categorização e respetiva contabilização.