'Caso dos emails': Cinco anos depois, apenas denunciantes enfrentam a justiça

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Porto Canal

Cinco anos depois do início do caso dos emails e ainda não existe notícia sobre o desfecho desta polémica. Até ao momento, os denunciantes enfrentam a justiça e aguardam pela decisão do juiz Carlos Alexandre. Como já foi referido, o Porto Canal deu o primeiro passo para que desencadeasse uma investigação do Ministério Público, com a criação de uma equipa especial.

A adulteração de resultados no Desporto-rei é uma matéria cada vez mais complexa. Longe vão os tempos em que se resumia ao pagamento à equipa de arbitragem em troca de um resultado ou favorecimento em determinado jogo. As apostas desportivas vieram dar uma dimensão global a este fenómeno, bem como as entradas de investidores nas SAD e a existência de estruturas cada vez mais densas. Assim, estas práticas passaram a colocar em causa o sistema de governação dos clubes e federações e até a forma como as competições são organizadas.
A 6 de junho de 2017, levantar-se-ia novamente o véu sobre uma presumível teia de corrupção a abalar o futebol português, dava-se o início do célebre caso dos emails do Benfica, aquele que mais estragos provocou na imagem do clube da luz que foram divulgados ao longo vários meses e de quase 20 programas do Universo Porto da Bancada do Porto Canal, desencadearam uma investigação ainda em aberto.

Pelas mãos de Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, foram reveladas mais de 55 mensagens de correio eletrónico trocadas entre e com elementos dos colaboradores do grupo Benfica, que indiciavam um plano de controlo de todas as instâncias desportivas e não desportivas em Portugal. Nos emails, Nuno Cabral surge como uma das peças centrais deste “puzzle”, usando o alter ego 'Eva Mendes', o ex-delegado da Liga Portugal é acusado por Francisco J. Marques de ser a ligação principal entre o Benfica e os árbitros.

No epicentro da polémica, a Procuradoria Geral da República reagiu e seria criada uma equipa especial de Investigação em abril de 2018 composta por três magistradas. A equipa teria o propósito de investigar, em exclusivo, a maior parte dos processos e denuncias relacionados com o futebol. Criada pela procuradora-geral da República à altura, Joana Marques Vidal, em conjunto com o diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, Amadeu Guerra e por Maria José Morgado, procuradora-geral distrital de Lisboa, reunia ainda Patrícia Barão, Ana Catalão e Vera Camacho.

Contudo, 5 anos depois desde a abertura do inquérito a visar os encarnados, a equipa especial nem deduziu qualquer acusação, nem avançou para o arquivamento e, os próprios intervenientes judiciais também mudaram. Lucia Gago é a nova procuradora-geral e Patrícia Barão, uma das magistradas destacadas para a investigação já saiu de cena. Sendo assim, o caso tem-se arrastado e a morosidade da investigação “preocupa a comunidade jurídica”

Já em 2019, Rui Pinto tecia duras críticas à justiça portuguesa, referindo que as motivações para a criação da equipa tinham sido desvirtuadas.

A jurista defende ainda que a falta de informação sobre o desfecho ou estado destes processos prejudica a perceção pública sobre o resultado prático destas operações, que poderia ser dissuasor e preventivo.
Numa década, em matéria de corrupção, a média de processos que entraram na Polícia Judiciária para investigação aumentou 63%, houve mais arguidos, mais condenados e penas mais duras, mas a elevada taxa de arquivamentos, 62% em 2020, e a demora no tempo de investigação, 18 meses em média, revela falta de meios para uma investigação mais complexa.
No foro criminal, o único desfecho conhecido até ao momento da divulgação dos e-mails foi a acusação dos protagonistas envolvidos na denúncia: Francisco J. Marques, Diogo Faria e Júlio Magalhães, à data diretor do Porto Canal. A decisão instrutória, que era para ser conhecida em maio, foi adiada pelo juiz Carlos Alexandre para 20 de junho devido á falta de oficiais de Justiça.

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