Reabertura da linha ferroviária até Barca d'Alva é investimento prioritário no Douro

| Política
Porto Canal com Lusa

Peso da Régua, Vila Real, 23 mai 2022 (Lusa) -- A reabertura do troço Pocinho -- Barca d'Alva, na Linha do Douro, é reivindicada por autarcas, instituições e população que defendem tratar-se de um investimento prioritário para o transporte de pessoas e mercadorias, turismo e ambiente.

O estudo para a Reabilitação da Linha do Douro -- Troço Pocinho/Barca d'Alva, desenvolvido pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e a Infraestruturas de Portugal (IP), vai ser apresentado na quarta-feira, no Peso da Régua, numa sessão com a participação prevista dos ministros das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, e da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.

A Linha Ferroviária do Douro atualmente liga o Porto ao Pocinho (171,522 quilómetros) e há vários anos que é reivindicada a reabertura dos 28 quilómetros do troço entre Pocinho e Barca d'Alva, desativado em 1988.

Em 2020, foi entregue no parlamento uma petição com 13.500 assinaturas em defesa da reativação da linha até Barca d'Alva e ligação a Espanha, uma iniciativa promovida pela Liga dos Amigos do Douro Património Mundial (LADPM) e a Fundação Museu do Douro.

"O abandono da linha foi um erro estratégico. A sua reativação vem corrigir um erro que se cometeu e que prejudicou imenso o Interior, vem contribuir para o desenvolvimento e aproximar das comunidades. É um investimento prioritário para a região", afirmou hoje à agência Lusa o diretor do Museu do Douro, Fernando Seara.

O responsável disse esperar que o comboio possa chegar, no futuro, a Espanha.

"Ainda há muito caminho para andar, mas acho que se estão a dar os passos certos no sentido da reativação da linha, da eletrificação e de dar ao Douro o que precisa e merece em termos de mobilidade, turismo, de transporte de mercadorias", salientou.

O presidente da Câmara da Régua, José Manuel Gonçalves, frisou que se trata de "um investimento prioritário" para a região, conforme definido pela Comunidade Intermunicipal do Douro, que agrega 19 municípios.

"É unânime, no território, a defesa do investimento nesta linha e, em função disso, aquilo que nós esperamos é que ele se concretize na sua globalidade", afirmou.

O autarca disse ainda que todos os estudos "apontam para a viabilidade técnica e económica da linha, mesmo que não exista a ligação a Espanha" e que espera que se "arranje disponibilidade financeira" para a sua concretização.

"Este foi um percurso de vários anos em que se foram somando argumentos e que espero que, na quarta-feira, eles estejam refletidos nos estudos que vão ser apresentados", apontou o presidente da direção da Associação Vale d'Ouro, Luís Almeida, que tem estado na linha da frente da defesa da linha ferroviária do Douro.

O responsável acredita na viabilidade da reabertura e aponta como vantagens o encurtamento da distância entre o oceano Atlântico (Porto) e Espanha, a coesão territorial e o incremento turístico, nomeadamente a nível de passageiros na linha ferroviária e no surgimento de novas ofertas.

"Parece-me que este é um investimento que nem devia depender de fundos europeus, se calhar até devia sair diretamente do Orçamento do Estado", sublinhou.

Para quarta-feira está marcada a apresentação do estudo "Linha do Douro -- Estudo da viabilidade da reabilitação da ligação ferroviária Pocinho/Barca d'Alva - análise técnica e ambiental", realizado pela IP.

O estudo, segundo as primeiras conclusões reveladas no final de abril num comunicado da comissão de trabalho para a reativação da Linha do Douro até Barca d'Alva, divulgado pela Câmara da Régua, estima que o projeto ronde os 75 milhões de euros, dos quais 59 milhões serão destinados a "obra e o restante a estudos, projetos, fiscalização e estaleiro".

Indica ainda que a reabertura deste troço da Linha do Douro representa um "ganho superior a 30 minutos", quando comparado com a alternativa rodoviária existente.

Neste cenário de reabilitação, manter-se-á a via única balastrada com bitola ibérica, embora eletrificada, não sendo, por isso, necessário proceder ao alargamento da atual plataforma.

A Assembleia da República aprovou em 2021, por unanimidade, projetos de resolução do BE, PAN, PSD, PCP e PEV que defendem a requalificação da Linha do Douro e a reabertura do troço até Barca d´Alva.

Em dezembro, a ministra da Coesão Territorial disse que a reativação até Barca d'Alva é um desígnio deste território que vai ser concretizado.

"Será certamente importante fazermos e vamos fazer a Linha do Douro. É um desígnio deste território e mal andaria o governo, ou os governos, que não apoiassem o projeto da Linha do Douro", afirmou Ana Abrunhosa, na cerimónia evocativa dos 20 anos do Douro Património Mundial da UNESCO.

PLI//LIL

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