Cavaco defende que se olhe para o conhecimento científico como um investimento
Porto Canal / Agências
Porto, 20 jun (Lusa) -- O Presidente da República, Cavaco Silva, defendeu hoje ser preciso olhar para o conhecimento científico como um investimento para que Portugal enfrente os desafios do presente e do futuro.
"A atividade e a produção de conhecimento da comunidade científica têm ainda pouca influência na vida da maioria das empresas nacionais. Temos de olhar para a infraestrutura científica e tecnológica como um investimento, relativamente ao qual é justo esperar um determinado retorno", afirmou Cavaco Silva, no Porto, na cerimónia de inauguração do novo edifício central do Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto.
O Chefe de Estado salientou que "para que a universidade tenha maior influência na economia será necessário estimular os seus agentes através de um sistema de incentivos que leve a academia a tornar-se um protagonista mais ativo na criação de riqueza nacional".
"É certo que a Universidade deve buscar o saber, não pode converter-se num agente de interesses das empresas. Contudo, há que encontrar um equilíbrio virtuoso entre o conhecimento teórico e o contributo académico para a a comunidade", realçou.
Cavaco adiantou que é pois preciso "valorizar de forma significativa a investigação aplicada, quer na progressão da carreira académica, nas áreas consideradas relevantes, quer, inclusivamente, como critério no financiamento público das universidades".
"A elevação do valor acrescentado da produção nacional, essencial no nosso futuro coletivo, terá que acontecer por via da maior intensificação tecnológica nos setores onde o país é competitivo", disse.
O Presidente da República elogiou a UPTEC, considerando ser "um grande exemplo de valorização do conhecimento produzido em ambiente universitário em áreas de grande potencial económico".
Cavaco considerou que os projetos empresariais que ali estão incubados e que visitou "ilustram bem como é possível valorizar o conhecimento e criar emprego em setores com grande intensidade tecnológica e elevado valor acrescentado".
Para Cavaco, o acesso aos mercados para financiarem a economia portuguesa e o respeito das regras europeias a que Portugal está vinculado são os grandes desafios que o país enfrenta agora e no futuro.
"É fundamental para [Portugal] ter sucesso haver transferência do conhecimento científico para a economia, é por essa forma que ganhamos a aposta da inovação, da diversificação de produtos", disse, "é assim que se conquista a competitividade em mercados muito exigentes".
O Presidente entende que o que se faz na UPTEC deve ser conhecido pelos portugueses e para que possa ser replicado no país.
No seu discurso, o reitor cessante da Universidade do Porto, Marques dos Santos, afirmou que "há sem dúvida alternativas ao empobrecimento dos trabalhadores e quadros portugueses, uma das quais é a qualificação do tecido empresarial pela emergência de modelos de negócio mais inovadores e sofisticados".
"Além de socialmente injusto e economicamente ineficaz, seria redutor para um país desenvolvido como é Portugal que a diminuição dos custos do fator trabalho fosse a única via para o reforço da competitividade empresarial", sustentou.
Marques dos santos disse ainda que é "na valorização económica do conhecimento que Portugal deve apostar, tendo em vista a produção de bens e serviços transacionáveis no exterior, com elevada intensidade tecnológica e fatores de diferenciação".
"A batalha da competitividade tem de ser ganha no topo da cadeia de valor, fornecendo ao mercado soluções inovadoras a partir de conhecimento altamente especializado", concluiu Marques dos Santos.
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