Espetáculo celebra obra de José Mário Branco e reflete sobre "ideais de Abril"
Porto Canal / Agências
Lisboa, 17 jun (Lusa) -- Atualizar a obra de José Mário Branco e, ao mesmo tempo, refletir sobre "os ideais de Abril" em tempo de crise são os objetivos do espetáculo agendado para sexta-feira, na Casa da Música.
"... De certa maneira, um concerto para José Mário Branco" quer prestar homenagem ao "maior cantor de intervenção/cantautor revolucionário" de Portugal ainda vivo, resume o autor da ideia, Rui Portulez, em declarações à Lusa.
O projeto vai "juntar um conjunto de pessoas e de artistas que aprecia a obra de Zé Mário Branco e aprecia o exemplo e a inspiração que ele tem dado (...) através da música e da sua ação política e cívica", explica.
Pelo "exemplo", José Mário Branco "merece ver o seu trabalho ser atualizado por uma nova geração", considera Rui Portulez, contando que apresentou a ideia ao músico, que, porém, disse que "não estava interessado em tocar" no espetáculo, cedendo a obra e disponibilizando-se para "ajudar no que fosse possível".
Embora isso não vá acontecer na estreia, no Porto, a possibilidade de José Mário Branco vir a participar em iniciativas futuras "não está posta de parte", frisa Portulez, assumindo que "a ideia é ir a todo o lado" com o espetáculo, embora não haja ainda datas nem locais definidos.
Segundo Portulez, José Mário Branco está "bastante descontente" com "o estado a que o país" chegou e considera que "o 25 de Abril não se cumpriu".
O projeto pretende também refletir sobre os 40 anos do 25 de Abril "neste estado de coisas em que o país está, em crise profunda e sem reação", salienta Portulez, assumindo a vontade de "fazer alguma coisa" para contrariar "o imobilismo que trespassa o país".
"Os 40 anos do 25 de Abril mereciam uma celebração condigna e à altura, coisa que normalmente não acontece", justifica o autor.
Homenageando "a costela experiencialista" de José Mário Branco, o espetáculo vai contar com a participação de músicos "transversais" em experiência e estilo, como Batida, Manuel Pinheiro (Diabo na Cruz), Chullage, JP Simões e Miguel Pedro e António Rafael, que vão apresentar versões inéditas de temas como "Inquietação", "Eh Companheiro", "Dairinhas" e "Mariazinha".
A associação cultural portuense Bando dos Gambozinos participará também na homenagem, que será finalizada com uma interpretação do clássico "FMI" pelo ator João Grosso, "um desafio arriscadíssimo" para se fazer "ao vivo", destaca Portulez.
Promovido pela Opium, empresa de eventos culturais do Porto, o espetáculo "... De certa maneira, um concerto para José Mário Branco" vai realizar-se na sexta-feira, às 21:30, na Casa da Música, que apoia o projeto.
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