PSD pede esclarecimentos ao Novo Banco sobre processos com intervenção de Vítor Fernandes
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 12 jul 2021 (Lusa) - O PSD pediu hoje ao Novo Banco esclarecimentos sobre "todos os processos" em que interveio o antigo administrador Vítor Fernandes, sem nunca se referir à proposta do Governo de o nomear para liderar o Banco Português de Fomento.
Num requerimento hoje entregue na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, os deputados do PSD pedem estes esclarecimentos "com caráter de urgência", depois de virem a público factos "sobre a venda de créditos de grandes devedores pelo Novo Banco e uma situação em particular relacionada com créditos da Imosteps alienados com grandes perdas para o Fundo de Resolução, que ascenderam a 45 milhões de euros".
Assim, o PSD pede ao Novo Banco um esclarecimento detalhado sobre todos os processos em que interveio "direta ou indiretamente, formalmente ou informalmente, o antigo administrador Vítor Fernandes em reestruturações ou alienação de créditos de grandes devedores do Novo Banco, em especial os abrangidos pelo mecanismo de capital contingente".
Os sociais-democratas solicitam ainda esclarecimentos sobre a participação do então administrador Vítor Fernandes na venda do crédito da Imosteps ao fundo Davidson Kempner e detalhes sobre as posições por si assumidas em documentos internos ou atos de gestão do Novo Banco na alienação destes ativos ou nas reestruturações efetuadas.
No requerimento, o PSD não se refere à proposta de nomeação de Vítor Fernandes para o Banco de Fomento, que já foi contestada pelo BE, PAN, Chega e Iniciativa Liberal, depois de apontadas as suas ligações ao empresário Luís Filipe Vieira, também presidente do Sport Lisboa e Benfica, com as funções suspensas, um dos detidos na operação Cartão Vermelho.
O Banco de Portugal (BdP) assegurou hoje que "toda a informação" relativamente a Vítor Fernandes "será devidamente ponderada".
Na sequência desta ponderação, o BdP poderá decidir - ou não - pela abertura de um processo de reavaliação de idoneidade de Vítor Fernandes que, após ter sido indicado pelo ministro da Economia para 'chairman' do novo Banco Português do Fomento (BPF), passou já (tal como os outros elementos da gestão) por uma avaliação de idoneidade e competências técnicas feita pelo banco central, num processo conhecido como 'fit and proper'.
O nome de Vítor Fernandes foi indicado pelo ministro Pedro Siza Vieira para presidente do Conselho de Administração do BPF, aguardando ainda o parecer da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (Cresap) para ocupar o cargo, assim como os restantes membros da administração do banco.
Luís Filipe Vieira foi um dos detidos na quarta-feira no âmbito da operação Cartão Vermelho, que investiga suspeitas de crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Enquanto arguido, foram-lhe aplicadas como medidas de coação a prisão domiciliária até à prestação de uma caução de três milhões de euros, a proibição de sair do país, com a entrega do passaporte, e de contactar com os outros arguidos do processo, à exceção do filho, e ainda, entre outros, com Vítor Fernandes.
SMA (PD/ACL/IEL/JPYG) // SF
Lusa/fim