Governo venezuelano acusa companhias aéreas de desviarem voos
Porto Canal
A Venezuela negou hoje que as companhias aéreas internacionais estejam a abandonar o país devido a dívidas relacionadas com a repatriação dos capitais e lucros das vendas de bilhetes aéreos, e acusou-as de desviarem voos para o Mundial2014.
"Essas linhas aéreas que estão a ir (embora) estão a desviar aviões para o Mundial de futebol", disse o ministro venezuelano de Petróleo e Minas.
Rafael Ramírez falava durante uma conferência de imprensa na localidade venezuelana de Maracaibo, a 710 quilómetros a oeste de Caracas, no âmbito do Congresso Latino-americano de Engenharia Petrolífera, que reuniu profissionais da América Latina e das Caraíbas.
"Aqui ninguém se vai (embora) deste país", frisou.
O Governo da Venezuela deve quatro mil milhões de dólares (2,94 mil milhões de euros) às companhias aéreas internacionais por repatriação dos capitais e lucros correspondentes às vendas de bilhetes aéreos desde 2012, que tem sido dificultada pelas leis cambiais vigentes.
As dificuldades levaram a Air Canadá e a Alitalia a suspenderem, recentemente, os voos para Caracas, enquanto a Lufthansa decidiu paralisar a venda de novos bilhetes.
Na Venezuela está em vigor, desde 2003, um apertado sistema de controlo cambial que impede a livre obtenção de moeda estrangeira no país e obriga as companhias aéreas a terem autorização para poderem repatriar os capitais gerados pelas operações.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) exortou, por várias ocasiões, o Governo da Venezuela a efetuar o pagamento da dívida, salientando que "a situação é insustentável". Em resposta, o ministro dos Transportes Marítimo e Aéreo Venezuelano, Hebert Garcia Plaza, revelou que está a ser preparado um calendário para pagar as dívidas.
Segundo a Associação de Companhias Aéreas da Venezuela, 11 das 26 transportadoras que voam para Caracas reduziram, desde janeiro, a oferta de lugares e a frequência dos voos, nalguns casos até quase aos 80%, devido à impossibilidade de repatriar os capitais correspondentes às vendas.