Investigadoras portuguesas criam sistema biológico para produzir hidrogénio

| País
Porto Canal com Lusa

Lisboa, 23 mar 2021 (Lusa) -- Duas investigadoras portuguesas criaram um novo sistema biológico para produzir hidrogénio, juntando bactérias e material sintético e irradiando-as com luz.

Inês Cardoso Pereira e Mónica Martins, investigadoras do Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier, da Universidade Nova (ITQB Nova), combinaram bactérias eficientes a produzir hidrogénio, mas que não realizam fotossíntese, com nanopartículas de cádmio, criando o chamado sistema biohíbrido.

O hidrogénio tem sido noticiado como uma futura fonte de energia capaz de descarbonizar a economia, chamando-se hidrogénio verde quando produzido com recurso a energias alternativas. Usa-se a energia para produzir hidrogénio a partir da água através de um catalisador.

O sistema biohíbrido estudado, explica-se num comunicado hoje divulgado pelo ITQB da Universidade Nova de Lisboa, usou a bactéria "Desulfovibrio desulfuricans", uma bactéria comum encontrada nos solos e ambientes marinhos e que tem uma elevada produção de hidrogénio, mas que também tem uma grande capacidade de produzir nanopartículas extracelulares.

As nanopartículas produzidas pelas bactérias captam a luz que a bactéria utiliza para produzir hidrogénio, sendo que "este inovador sistema biohíbrido é um forte candidato para o desenvolvimento de um protótipo de bioreactores que produzam hidrogénio verde", diz Mónica Martins citada no documento.

No fundo as bactérias são os catalisadores, que a tecnologia usa para produzir hidrogénio, disse Inês Cardoso Pereira à Lusa, explicando que as bactérias têm uma capacidade intrínseca para produzir hidrogénio, que as microalgas produzem hidrogénio, e que a bactéria com a qual a equipa trabalhou usa a energia de compostos orgânicos para produzir hidrogénio.

A investigadora explicou que os estudos para o uso de microalgas para produzir hidrogénio já estão em fase mais avançada, ao contrário do que está a desenvolver e que foi publicado na revista "Angewandte Chemie International Edition".

"O processo pode não ser tão competitivo (como o uso de um catalisador) mas tem a vantagem de se poder usar resíduos biológicos para produzir hidrogénio. O sistema é mais natural, só tem de se fazer crescer as bactérias e dar-lhes luz", acrescentou, explicando que a mesma tecnologia pode ser usada para reduzir o dióxido de carbono.

"O desenvolvimento destes sistemas biohíbridos é uma nova área de investigação entusiasmante, em que é possível combinar a elevada atividade e especificidade dos sistemas biológicos, com materiais sintéticos que têm grande capacidade na captação de energia solar", explica, no comunicado, Inês Cardoso Pereira, líder do Laboratório de Metabolismo Energético Bacteriano.

A combinação de microrganismos com materiais que permitem a captação de luz, diz-se também no comunicado, "é uma abordagem muito promissora para gerar combustíveis sustentáveis e de baixo custo, sem recorrer a catalisadores metálicos caros e raros, cuja produção tem graves consequências".

FP // JMR

Lusa/fim

+ notícias: País

Primeiro mês do Passe Ferroviário Verde com 30 mil títulos vendidos

O Passe Ferroviário Verde entrou em vigor há um mês, tendo sido vendidos 30 mil títulos, informou o Ministério das Infraestruturas, sublinhando a dedicação dos trabalhadores da CP e a preparação da transportadora para os desafios da alta velocidade.

Trabalhadores da Saúde marcam nova greve em dezembro

Os trabalhadores da saúde vão fazer uma greve em 06 de dezembro pela abertura dos processos negociais, contratação de mais trabalhadores e valorização profissional, segundo a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais.

FC Porto vai ter jogo difícil frente a Belenenses moralizado afirma Paulo Fonseca

O treinador do FC Porto, Paulo Fonseca, disse hoje que espera um jogo difícil em casa do Belenenses, para a 9.ª jornada da Liga de futebol, dado que clube "vem de uma série de resultados positivos".