Presidente da Cáritas surpreendido com aumento do IVA
Porto Canal / Agências
Fátima, 01 mai (Lusa) -- O presidente da Cáritas Portuguesa afirmou-se hoje surpreendido com o aumento do IVA, considerando que é tempo de não exigir mais sacrifícios e estabelecer um equilíbrio entre a sustentabilidade económica e o respeito pela dignidade das pessoas.
"Fiquei surpreendido porque o que nos estava a ser dito é que não havia mais aumento de impostos e, efetivamente, o que se trata é de um aumento do imposto relativamente a bens de consumo, uns mais prioritários que outros", disse à agência Lusa Eugénio Fonseca.
O responsável comentava o aumento da taxa normal do IVA para 23,25% previsto no Documento de Estratégia Orçamental (DEO).
Para Eugénio Fonseca, 0,25 pontos percentuais "podem fazer a diferença para quem não tem rendimentos ou para quem tem rendimentos quase na linha da fronteira entre o risco de pobreza e o não estar em risco de pobreza".
"A justiça da medida está em que abrange a todos", declarou o presidente da Cáritas, acrescentando que "durante muito tempo as medidas de austeridade reincidiam mais nalgumas classes, sobretudo na classe pobre e média".
Referindo que se trata de uma "medida de maior equidade porque se aplica aos bens de consumo que todos vão adquirir", o responsável da Cáritas Portuguesa admitiu, contudo, que "faça muita diferença nos pobres e possa não fazer diferença alguma nas classes mais abastadas".
Quanto à questão das reformas, reconheceu que "o que conta é a partir de determinado valor", mas não se pode esquecer que se está a "falar de patamares de reforma que já são muito, muito débeis, até numa circunstância em que os pensionistas estão a suportar os encargos dos seus filhos, dos seus netos, que ficaram sem trabalho, que ficaram sem algum rendimento".
O presidente da Cáritas reiterou que "já está provado" que o país foi "muito disciplinado" nas regras que foram impostas pela 'troika', - "de tal forma que parece que até vamos sair de forma limpa desta situação" -, o que o enobrece.
"Agora não vamos exigir mais sacríficos e o que eu peço é um equilíbrio entre aquilo que são as exigências da sustentabilidade económica com as exigências que são superiores a estas que é do respeito pela dignidade das pessoas, que passa por condições de vida dignas", acrescentou Eugénio Fonseca.
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