Covid-19: Linha de apoio psicológico de Vila Nova de Gaia recebeu 120 chamadas num mês

Covid-19: Linha de apoio psicológico de Vila Nova de Gaia recebeu 120 chamadas num mês
| Norte
Porto Canal com Lusa

A linha telefónica de apoio psicológico criada pela câmara de Vila Nova de Gaia recebeu cerca de 120 contactos num mês, tendo encaminhado “pelo menos 14 pessoas” para “consultas mais consistentes”, indicou à Lusa a responsável do projeto.

“Percebe-se que as pessoas estão em sofrimento psicológico e com dificuldades em lidar com a ansiedade que resulta de uma crise inesperada. Fundamentalmente, há uma preocupação constante e uma incerteza face ao futuro”, descreveu Patrícia Lopes, adjunta da Presidência de Vila Nova de Gaia e responsável por este projeto.

A linha “Gaia+Consigo” foi anunciada no dia 01 de abril e está a ser divulgada junto dos munícipes de Vila Nova de Gaia, tendo, no entanto e de acordo com a responsável, recebido contactos de residentes em outros concelhos, como Porto e Matosinhos.

Patrícia Lopes, que é psicóloga clínica, lidera uma equipa de 30 técnicos voluntários que tiveram formação em intervenção em situações de crise. As três dezenas de profissionais trabalham em instituições sociais, bem como na empresa municipal Gaiurb.

A linha recebeu cerca de 120 chamadas e, de acordo com a responsável, “pelo menos 14 pessoas foram encaminhadas para consultas de psicologia mais consistentes” através da rede de ação social de Vila Nova de Gaia, concelho do distrito do Porto que de acordo com o boletim epidemiológico divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde registava na sexta-feira 1.404 casos de infeção pelo novo coronavírus.

“O encaminhamento é feito se a pessoa pedir ou o próprio técnico avaliar que é importante”, explicou Patrícia Lopes que, questionada sobre quais as principais razões de contacto, contou que se notam “sentimentos de desesperança e de tristeza acentuados, bem como estados de ansiedade desregulados”, somando situações em que as pessoas ligam para esclarecer dúvidas ou para pedir apoios nomeadamente na entrega de bens alimentares ou de medicamentos.

“Nesses casos, encaminhamos internamente para os restantes serviços da câmara ou das juntas de freguesia. Cada técnico tem um guião e todos conhecem os serviços existentes. Feita a avaliação, o técnico encaminha para a junta correspondente ou para os serviços de ação social da câmara, o que pode culminar no envio de um voluntário para levar a medicação a casa ou na inserção de um agregado familiar nas respostas de apoio alimentar e económico”, descreveu Patrícia Lopes.

Através da linha “Gaia+Consigo” também já foi acionado o serviço de apoio domiciliário ou de teleassistência para idosos que se encontram “mais isolados”, o qual consiste na colocação de um aparelho com alarme na casa do munícipe que desta forma fica “ligado 24 horas a uma central”.

Patrícia Lopes descreveu, à Lusa, que as chamadas recebidas revelam “grande heterogeneidade” em relação a faixas etárias, género e motivos, exemplificando que “tanto já ligaram cônjuges que se tornaram cuidadores e que revelam cansaço, como pessoas mais novas com perturbações de ansiedade e sintomas exacerbados ligados a hipocondrias ou ao medo de sair à rua”.

“O que os técnicos tentam fazer é acolher estas preocupações, demonstrar empatia e normalizar o que pode ser considerado normal. É normal sentirmo-nos tristes com a mudança radical de uma vida e todas as perdas que lhe são inerentes”, afirmou a responsável.

Casos de lutos “mal resolvidos” e a dor de uma “não despedida” são outros motivos já identificados, cabendo aos técnicos partilhar estratégias para uma melhor transição e aceitação desta fase.

“São transmitidos conselhos como não se isolar socialmente, mas apenas fisicamente, manter rotinas positivas, dedicar o seu tempo a mais tarefas prazerosas, descobrindo novos hobbies, aceitar os sentimentos menos positivos, sabendo que é um estado normativo, demonstrar a disponibilidade de voltarem a contactar a linha, permitindo a sensação aos munícipes de que não estão sozinhos”, enumerou Patrícia Lopes.

Portugal vai terminar no sábado o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, devido à pandemia da covid-19, e o Governo anunciou a passagem para situação de calamidade a partir das 00:00 de domingo.

A responsável pela linha “Gaia+Consigo” admite que esta mudança possa acarretar “dúvidas e ansiedades novas”, razão pela qual a expectativa é de que este projeto se mantenha.

“Estes efeitos na saúde mental não vão terminar com o estado de emergência e notamos que todos terminam o telefonema com a gratidão de se sentirem acompanhados, logo este é um projeto que Município quer manter para manter a proximidade com os munícipes”, concluiu.

A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 233 mil mortos e infetou mais de 3,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios, sendo que em Portugal, morreram 1.007 pessoas das 25.351 confirmadas como infetadas.

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