Covid-19: Risco de dramática redução de alunos e professores de português no estrangeiro
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 29 abr 2020 (Lusa) -- O Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Europa alertou hoje para o risco de uma "dramática redução" do número de alunos e de professores na rede do Ensino de Português no Estrangeiro (EPE) devido às restrições impostas pela covid-19.
Em comunicado, este organismo refere que enviou uma carta à secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, com conhecimento do chefe do gabinete do Ministro da Educação, a solicitar o apoio à rede oficial do EPE, no atual contexto de pandemia mundial.
"A pandemia de covid-19 obrigou ao encerramento generalizado de escolas, faculdades e universidades em vários países da Europa, o que também levou o Instituto Camões a suspender as aulas presenciais da rede oficial do EPE e recorrer posteriormente ao ensino à distância como principal alternativa", lê-se na missiva.
Segundo o Conselho, "quer seja no ensino integrado ou no ensino paralelo, existem grandes incertezas quanto às inscrições de alunos para o próximo ano letivo".
E alerta que "o número de inscrições para o próximo ano letivo está hoje muito aquém do habitual, mesmo que a data limite para as inscrições tenha sido prolongada para o dia 31 de maio".
"Todo este contexto poderá levar a uma dramática redução do número de alunos no próximo ano letivo e, consequentemente, do número de professores que compõem a rede do EPE", considera o Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Europa que propõe, entre seis medidas, o prolongamento da "data limite das inscrições no sentido de se evitar uma drástica redução do número de alunos inscritos para o próximo ano letivo e consequentemente, uma não menos drástica redução do número de docentes".
O Conselho defende ainda a concertação de "medidas com as autoridades competentes dos países de acolhimento, mais particularmente no que diz respeito à garantia das condições de segurança para alunos e professores, que proporcionem a oportuna reabertura das aulas do EPE quando a conjuntura assim o permitir".
Na carta, assinada pelo presidente do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Europa, Pedro Rupio, é igualmente defendida a "criação, à imagem do que acontece em Portugal, do ensino à distância através da televisão, nomeadamente da RTP Internacional, com o objetivo de responder às necessidades dos alunos que não têm recurso às novas ferramentas tecnológicas em casa, ou idade suficiente para lidar com tais ferramentas".
Ainda tendo em conta a pandemia de Covid-19, o Conselho solicitou à secretária de Estado das Comunidades Portuguesas; Berta Nunes, a criação de "uma linha de apoio financeiro ao associativismo português na Diáspora".
Devido às restrições impostas pela luta contra a convid-19, "grande parte das associações de portugueses residentes no continente europeu" tiveram que "fechar temporariamente as portas de modo a respeitar as recomendações dos Governos dos países de acolhimento".
"Consideramos fundamental que o Governo da República Portuguesa possa prestar todo o apoio possível de modo a limitar os constrangimentos pelos quais as associações irão provavelmente passar nos próximos tempos", lê-se na missiva dirigida a Berta Nunes.
Para que estas associações tenham maiores possibilidades de "ultrapassar esta crise extraordinária e poder assim continuar a desenvolver um importante e imprescindível papel social e cultural junto das portuguesas e dos portugueses residentes na Europa", o Conselho solicita a criação de uma linha de apoio financeiro ao associativismo português na diáspora.
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