Covid-19: Artista Leonor Antunes diz que setor tem de "repensar o futuro" pós-pandemia

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 18 abr 2020 (Lusa) - A artista plástica Leonor Antunes, que representou Portugal na Bienal de Artes de Veneza no ano passado, considera que os artistas "vão ter de repensar o seu futuro", após as restrições provocadas pela pandemia covid-19.

"Temos de repensar como apresentar o nosso trabalho. Vai haver menos dinheiro, menos feiras de arte, vai vender-se menos. Toda a gente vai ter de repensar como vivia, o que pode mudar", avaliou, contactada pela agência Lusa.

Leonor Antunes foi escolhida para representar Portugal na Bienal de Veneza de 2019, para a qual concebeu a exposição intitulada "a seam, a surface, a hinge or a knot" ("uma costura, uma superfície, uma dobradiça ou um nó", em tradução livre), no Palazzo Giustinian Lolin.

Neste momento, como muitos milhares de artistas, as suas exposições previstas para este ano em vários países foram adiadas para o próximo ano, e o seu atelier próprio, em Berlim, na Alemanha, encontra-se fechado, mas continua a frequentá-lo todos os dias.

"Continuo a trabalhar para exposições, mas com uma sensação muito estranha. Nunca vivi esta situação", apontou, acrescentando que, no entanto, a paragem forçada "vai obrigar a uma mudança que é importante".

"Em qualquer situação mudar é importante", opinou, comentando que, se "há artistas que estão com muitas dificuldades, há também muitas situações demasiado confortáveis".

Considera que "o problema já vem detrás, já existia, e a crise é um reflexo dos artistas dependerem muito de um país ou de uma determinada situação local".

Sobre o futuro, diz: "É angustiante sim, mas vai ficar melhor".

Para a artista de 47 anos, residente em Berlim há 15 anos, "o vírus não é o tema mais importante atualmente, é uma causa".

"O que devemos discutir é o aquecimento do planeta. Esse é o grande tema", defendeu, admitindo que viaja demasiado de avião devido aos projetos que desenvolve espalhados pelo mundo, e que gostava de usar um meio de transporte menos poluente.

Leonor Antunes disse à Lusa que pretende regressar a Portugal com a família, no verão deste ano, assim que for possível deslocar-se, e irá viver em Lisboa.

"Não estou infeliz em Berlim, e o meu trabalho é mais fácil aqui, mas vou tentar viver em Lisboa, onde há mais sol, e posso ter mais qualidade de vida", disse.

Contudo, pessoalmente, sente-se capaz de "viver em qualquer lugar" e admite a hipótese de se mudar para outra cidade sempre que sentir necessidade disso.

"Voltar a Portugal vai ser uma experiência", apontou.

O projeto apresentado por Leonor Antunes na Bienal de Veneza resultou de uma pesquisa que tem vindo a realizar já há alguns anos, em anteriores exposições que fez em Milão e Veneza, sobre o trabalho de figuras importantes no contexto da arquitetura da cidade italiana, nomeadamente de Carlo Scarpa, Franco Albini e Franca Helg e, mais recentemente, das arquitetas Savina Masieri e Egle Trincanato.

"São estas pessoas que me fascinaram e cujo trabalho me inspirou", recordou, apontando que ficou satisfeita com a obra apresentada em Veneza.

Quando o seu nome foi apresentado publicamente, afirmou que nunca aceitaria representar Portugal na Bienal de Arte de Veneza se estivesse neste momento um Governo de direita a dirigir o país.

Estas declarações foram mal recebidas pelos partidos de direita em Portugal, tendo algumas figuras criticado a escolha desta artista que representava o Estado Português, e não um Governo em particular.

Leonor Antunes, que foi escolhida pelo curador João Ribas para criar um projeto de representação oficial portuguesa oficial na 58.ª Bienal de Arte de Veneza, disse, na altura, à Lusa, que não retirava as suas declarações: "Portugal é quase uma exceção. É preciso valorizar isso. Há muitos poucos países na Europa com um governo de esquerda".

AG // MAG

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