Covid-19: Juiz Carlos Alexandre recusa adiar início da instrução dos Hells Angels
Porto Canal com Lusa
Lisboa, 11 mar 2020 (Lusa) - Um dos advogados do processo Hells Angels queria que o juiz Carlos Alexandre adiasse o início da fase de instrução, depois de uma estagiária ter regressado de Pádua e de vários colegas apresentarem sintomas gripais, mas o magistrado recusou.
Uma estagiária do escritório do advogado Túlio Machado, que defende o arguido Fábio Mendes, esteve a fazer Erasmus na cidade italiana de Pádua, um dos locais afetados pela epidemia do novo coronavírus, e regressou recentemente a Portugal, tendo contactado pessoalmente com vários colegas.
Contudo, e apesar de a jovem estar assintomática, "vários colegas começaram a apresentar sintomas gripais e foram aconselhados pelos médicos a ficar em casa", disse o advogado à Lusa.
Perante este cenário e tendo em conta as recomendações da Direção-Geral da Saúde, o advogado requereu ao juiz de instrução Carlos Alexandre para que "adiasse por uma semana o início da fase de instrução" do processo Hells Angels.
Perante a recusa do juiz em adiar a sessão de quinta-feira, Túlio Machado disse à Lusa que não vai estar presente no tribunal onde serão questionadas 50 testemunhas do processo.
"Ainda não sei o que vou fazer, mas caso decida ir ao tribunal na sexta-feira, porque serão interrogados arguidos, vou garantidamente de máscara por indicação do meu pneumologista", afirmou o advogado à Lusa.
O advogado acrescentou que vai enviar um novo requerimento ao juiz com os documentos sobre a situação clínica dos seus colegas, com quem esteve em contacto.
A notícia do pedido de adiamento da sessão foi avançada pelo Expresso Online.
A fase de instrução vai ser repetida, após a realização de 40 sessões, devido à saída da juíza do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC).
A acusação do Ministério Público sustenta que os 89 arguidos do grupo Hells Angels elaboraram um plano para aniquilar os 'motards' rivais, através da força física e de várias armas para lhes causar graves ferimentos, "se necessário até a morte", incluindo Mário Machado (líder do movimento de extrema-direita Nova Ordem Social), que foi aceite como assistente no processo.
Os arguidos estão acusados de associação criminosa, tentativa de homicídio qualificado agravado pelo uso de arma, ofensa à integridade física, extorsão, roubo, tráfico de droga e detenção de armas e munições entre outros crimes.
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