PS quer que deputados visitem depósito das obras de Miró para conhecer espólio
Porto Canal / Agências
Lisboa, 19 mar (Lusa) - O Grupo Parlamentar do Partido Socialista requereu hoje, no parlamento, uma visita da Comissão de Educação, Ciência e Cultura ao depósito das 85 obras de Joan Miró do ex-Banco Português de Negócios (BPN), nacionalizado em 2008.
O pedido foi entregue ao presidente da comissão, Abel Batista, na sequência da audição do secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, para prestar esclarecimentos sobre o processo de classificação das obras de Joan Miró e a autorização da sua saída do país para um leilão em Londres.
O leilão das obras, atualmente detidas pela Parvalorem - sociedade anónima de capitais públicos, criada em 2010 pelo Estado para gerir os ativos e recuperar créditos do universo do BPN - foi cancelado em fevereiro pela Christie´s, que não considerou a venda segura, tendo entretanto anunciado novo leilão para junho.
Os 85 quadros de Miró do antigo BPN regressaram a Lisboa no final de fevereiro e encontram-se depositados num cofre-forte da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa.
No requerimento enviado ao presidente da comissão, o PS justifica que, "desde o anúncio da venda das obras de Miró por decisão do atual executivo, que tem vindo a ser promovida uma extensa discussão em torno dos contornos legais e substantivos desta venda, que, aliás, culminou no adiamento do primeiro leilão por falta de garantia do total cumprimento dos procedimentos legais existentes no ordenamento jurídico" português.
"Nesse sentido, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista requer a realização de uma visita ao local do depósito das 85 obras por parte dos deputados integrantes da comissão, de forma a conhecer este espólio e avaliar as reais consequências da sua alienação para o património cultural português", indica ainda o documento.
O PS, o PCP, o Bloco de Esquerda e "Os Verdes" têm desenvolvido várias iniciativas parlamentares contra a venda do acervo Miró, nomeadamente pedidos de audição das partes envolvidas, como a Secretaria de Estado da Cultura, e a Parvalorem.
Também foram feitos pedidos de esclarecimento ao Ministério das Finanças, e propostas de projetos de lei para a inventariação e classificação das obras, entretanto chumbadas.
Jorge Barreto Xavier, anunciou hoje, no parlamento, que pediu ao Ministério das Finanças um inventário de todo o acervo de obras de arte do ex-BPN.
As 85 obras do artista catalão Joan Miró ficaram envoltas em polémica desde que se tornou pública, no final de 2013, a intenção de venda, pelo Estado, e o surgimento de uma petição pública, assinada por mais de 10 mil pessoas, defendendo a sua manutenção no país.
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