Greve encerrou "centenas de locais de trabalho" mas "falta fazer muito" - Frente Comum

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Porto Canal com Lusa

Lisboa, 31 jan 2020 (Lusa) -- A coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, considerou hoje que a primeira greve nacional da função pública fechou "centenas e centenas de locais de trabalho", mas realçou que ainda "falta fazer muito" para que o Governo ouça as reivindicações.

"O que temos de balanço feito são as centenas e centenas de locais de trabalho fechados", vincou Ana Avoila à agência Lusa, quando questionada sobre qual o balanço da primeira greve nacional da função pública nesta legislatura.

Os trabalhadores da administração pública paralisaram por melhores salários e carreiras, totalizando adesões entre os 90%, na saúde e na educação, e os 60%, na justiça.

Segundo dados sindicais, mais de 1.500 escolas estiveram fechadas e em muitos hospitais nacionais não funcionaram as consultas externas ou áreas de diagnóstico, como as análises clínicas.

Nalguns hospitais, a greve levou ao cancelamento de cirurgias, porque os blocos operatórios só funcionaram em regime de serviços mínimos.

Nos bombeiros profissionais, a adesão ao protesto rondou os 80% a 85%.

"Nada fica igual quando as pessoas lutam da forma como lutaram hoje. O Governo tem tirado as suas ilações", realçou a coordenadora da Frente Comum, considerando, no entanto, que "falta fazer muito".

Os trabalhadores "têm consciência de que, infelizmente, vão ter de lutar muito para conseguir recuperar tudo aquilo que foram perdendo ao longo dos anos".

Ana Avoila considerou também que "é aconselhável esperar para dia 10 [de fevereiro] para ver o que é que o Governo tem a dizer" em matéria de aumentos salariais.

Esta é a primeira greve nacional da função pública desde que o atual Governo liderado por António Costa tomou posse, em outubro, e acontece a menos de uma semana da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2020 (OE2020), marcada para 06 de fevereiro.

Inicialmente tinha sido marcada, apenas pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, uma manifestação nacional de protesto contra os aumentos de 0,3% propostos pelo Governo.

Mas os sindicatos da UGT acabaram por avançar com pré-avisos de greve para esta data para pressionar o Governo a mudar a proposta.

Segundo estimativas da polícia, participaram na manifestação nacional da função pública esta tarde entre seis e sete mil pessoas, que fizeram ouvir os seus protestos entre o Marquês de Pombal e São Bento, junto da residência oficial do primeiro ministro.

Durante o percurso, dirigentes do PCP e do Bloco de Esquerda abordaram os manifestantes para os saudar e criticaram os aumentos salariais proposto pelo Governo de António Costa.

AFE (RRA/DF) // JPF

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