Acidente/Borba: "O Estado deixou-se enfraquecer" -- Bastonário dos Engenheiros

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Porto Canal com Lusa

Redação, 17 nov 2019 (Lusa) -- O bastonário da Ordem dos Engenheiros critica os cortes dos últimos anos, que levaram à saída de engenheiros qualificados do Estado, deixando a administração central enfraquecida para lidar com questões como a da segurança das pedreiras.

Em declarações à agência Lusa, a propósito da evolução do setor depois do acidente de Borba, há um ano, Carlos Mineiro Aires defende que, "se houvesse vigilância da engenharia", estas ocorrências "evitavam-se, mas o Estado deixou-se enfraquecer".

"Com esta história de cortar e reduzir custos, chegou-se a uma situação em que os quadros existentes nas instituições saíram por limite de idade ou por estarem fartos e não foram substituídos", lamenta o bastonário, garantindo que e "há um défice grande de pessoas adequadas para o desempenho de determinadas funções".

Mineiro Aires está à espera do balanço das intervenções nas pedreiras, que foi prometido pelo Governo, destacando que, "de palpável", não tem conhecimento de qualquer avanço.

"Continua a haver pedreiras abandonadas e temos um problema enorme que não pode pedir que se resolva de um dia para o outro", salienta.

Para o bastonário, há uma questão de segurança, porque "existem muitas pedreiras que nem vedação à volta têm e qualquer pessoa mais incauta aproxima-se e corre o risco de cair", alerta.

Mineiro Aires diz ainda que "as crateras abertas têm uma dimensão imensa" e que deveria haver "um plano de recuperação ambiental para as tapar".

"Não se faz isto em quatro ou cinco meses e tem custos", afirma.

O bastonário reconhece que "o mercado da pedra também passou por uma crise grande" e acredita que "o problema são os meios".

"Os engenheiros servem para acautelar condições de vida e para vivermos em segurança. É o que nós fazemos em toda a atividade", afirma o bastonário, lamentando que "só quando as desgraças acontecem" apareça "alguém a lembrar-se de que os engenheiros têm um papel a cumprir e são essenciais".

"Espero que as coisas evoluam no sentido de haver mais prestígio e mais atenção para a profissão de engenheiro. E que estas questões, estes acidentes, sirvam para que, em conjunto, pensemos em situações de outra natureza, em que existam potencialmente perigos", destaca Mineiro Aires

"Vou estar à espera de uma solução, ou que seja dito o que foi feito, o que está pensado fazer e calendários" para intervenções, conclui o bastonário.

Na tarde de 19 de novembro de 2018, um troço de cerca de 100 metros da estrada municipal (EM) 255, entre Borba e Vila Viçosa, no distrito de Évora, colapsou devido ao deslizamento de um grande volume de rochas, blocos de mármore e terra para o interior de duas pedreiras, provocando cinco vítimas mortais.

No dia 09 de novembro, em outro acidente, um trabalhador que manobrava uma máquina caiu numa pedreira cheia de água, em Vila Viçosa, tendo morrido.

ALYN (RRL) // CSJ

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